sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Caminus Duo - Música nas Igrejas


 
Música nas Igrejas

29 de Setembro- 19 horas - Ermida de S. Sebastião 
Caminus Duo - Piano e Violoncelo
 
Joana Vieira e Mickail Shumov
  Schumann - Adagio e Allegro op. 70
Freitas Branco - Sonata para violoncelo e piano
Prokofiev -  Adagio do ballet Ballet "Cinderella" Op. 97 bis
Prokofiev (arr. R. Sapozhnikov) - Skazka pro shuta (The Tale of the Buffoon) op. 21bis  - do ballet "Chout".
     
Organização  - Academia de Música de Tavira
  
Rua João Vaz Corte Real nº 20 8800-441 Tavira
Tele: 281322436

O ciclo urbano da água e o seu uso eficiente (Palestra)


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Quizas, Quizas, Quizas!... - Quando nem a música nem os músicos envelhecem!


Mais devagar, Songogolo!

 
Há muito barulho em casa. Uzuti, o bebé, chora, Adelaide grita:
— Mongi, devolve-me a minha caneta amarela!
Na casa ao lado, o cão ladra para um transeunte. A mãe zanga-se:
Vem já aqui, Malusi!
Malusi gosta de andar devagar. Canta um pouco enquanto veste a blusa. Brinca um pouco enquanto calça as sapatilhas. As sapatilhas muito velhas. Quando eram novas, eram de Mongi. Agora, estão cheias de buracos e pertencem a Malusi. O cão do Sr. Motiki continua a ladrar. Malusi interroga-se:
Quem será que vem aí tão devagar? Só pode ser uma pessoa idosa.
O cão deixa de ladrar e começa a abanar a cauda. A senhora de idade que se aproxima pára de vez em quando, apoiada na bengala. É Gogo, a avó de Malusi. Gogo é idosa, mas a sua pele brilha como uma maçã. As mãos são grandes e gastas pelo trabalho, mas têm um toque suave. Apoia as mãos nos ombros de Malusi e diz-lhe:
Hoje preciso de ti.
Malusi cala-se e ouve com atenção.
Tenho de fazer compras na cidade e não gosto nada do trânsito e dos semáforos.
A mãe diz:
O Malusi vai contigo. Já é um homenzinho.
Malusi gosta de andar devagar. Anda um pouco e pára, para dar um pontapé numa lata de cerveja velha. Pang! A lata rola pelo passeio abaixo. Atrás dele, Gogo caminha devagar.
Ai, ai suspira a avó.
Está já sem fôlego quando chegam à paragem de autocarro. Malusi dá um último pontapé na lata e esta aterra na rua. Quando chega o autocarro, a lata é esmagada e Malusi ri-se.
Deixa-te de risotas e ajuda-me a subir para o autocarro ralha Gogo.
Malusi nem sabe o que fazer: será que deve empurrar ou puxar a avó? Esta apercebe-se do seu olhar preocupado e sorri.
Segura a minha bengala, Malusi. Sou velha demais para dar pontapés numa lata, mas ainda consigo subir para um autocarro.
O autocarro vai cheio. Só há lugar de pé. Malusi fica junto de Gogo. A avó vestiu o seu melhor vestido, cheio de cores, que o neto conta: vermelho, verde, rosa, preto, azul, amarelo e laranja. O autocarro pára e algumas pessoas descem. Avó e neto encontram lugar junto de uma janela.
Olha! Vê como aqueles carros vão depressa!
Malusi sabe tudo sobre carros. Conhece todas as marcas e vai-as dizendo a Gogo:
Volkswagen… Ford… Morris…
Gogo sente orgulho do neto, que não se cala até chegarem à cidade. De repente, ei-los na rua principal, barulhenta e animada.
Tanta gente! exclama Gogo.
A multidão adensa-se em torno deles.
Malusi caminha diante da avó e vai esperando por ela. Repara como parece mais velha, agora que está na cidade. Às vezes, enquanto espera por ela, vai olhando para as montras das lojas. Pára diante de uma loja de brinquedos. Olha só, um Volkswagen pequenino! Em seguida, chama-lhe a atenção uma sapataria. Vejam só! Sapatilhas! Malusi olha para as suas velhas sapatilhas e depois contempla as novas da montra. São vermelhas e têm riscas brancas de lado.
Para onde estás a olhar? pergunta Gogo, que chega finalmente junto do neto.
Olha, Gogo! diz Malusi. Sapatilhas vermelhas! Não são bonitas?
Gogo olha para as sapatilhas e depois vê as sapatilhas velhas do neto.
São, pois! comenta.
Têm de atravessar a rua para ir até aos grandes armazéns.
Lá está aquele homenzinho verde! exclama Malusi.
Gogo parece preocupada. O neto pega-lhe na mão e guia-a pela passadeira até ao outro lado da rua. Quando chegam ao outro lado, o semáforo muda e passa a vermelho.
Ai! lamenta-se Gogo. Estas mudanças constantes afligem-me.
Nos grandes armazéns, Gogo olha para a lista de compras que fez. Tem de comprar alguns artigos de mercearia, uma toalha de plástico nova, uma chávena e um frasco para pôr os feijões. É tudo tão caro! Gogo guarda o dinheiro numa pequena bolsa, que traz presa com um alfinete ao interior da sua manga. Aí está sempre segura.
São horas de regressar à rua barulhenta. O semáforo está verde e avó e neto apressam-se a atravessar. Passam pela florista e pela loja de roupas. E lá está a sapataria com as sapatilhas novas! Malusi cola a cara à montra para as ver pela última vez.
Anda daí, Songolo! chama Gogo.
Songololo é o nome especial que Gogo dá ao neto. Mas, em vez de passar diante da loja, Gogo entra. Malusi olha para os sapatos da avó. Parecem os pneus velhos de um carro.
Quanto custam as sapatilhas vermelhas da montra? pergunta Gogo.
O vendedor responde e Gogo pede:
Pode ver se servem a este rapaz?
Malusi tira as sapatilhas velhas e enfia os pés nas novas, com todo o cuidado. O homem apalpa os dedos dos pés do rapaz.
Servem-lhe perfeitamente diz.
Malusi sente-se tão feliz que mal se segura quieto. Olha para a avó e sorri.
Gogo tira as notas da bolsa e conta-as. Depois, diz ao neto que leve as sapatilhas já calçadas, e o vendedor põe as velhas na caixa nova.
Quando começa a andar depressa, cheio de orgulho, a avó avisa Songololo:
Vai mais devagar!
Na paragem do autocarro, Gogo senta-se e descansa.
Malusi senta-se junto dela, com os pés em cima do banco, para poder admirar as sapatilhas novas.
Sabes, Gogo, diz com ternura são mesmo muito bonitas!
Gogo olha para os seus sapatos velhos e diz:
Tens razão. Se eu tivesse umas sapatilhas vermelhas com riscas brancas de lado, talvez caminhasse tão depressa como tu!
Niki Daly
Not so Fast, Songololo
London, Frances Lincoln Ltd, 2001
(Tradução e adaptação)
 
A Equipa Coordenadora do Clube das Histórias
 

Mãe é quem cria!

 


Mable, uma galinha de 1 ano, de Shrewsbury, Reino Unido, acha que é um cão e assume o papel de mãe de um grupo de cachorros.
Para a surpresa dos proprietários e da mãe original, Mable ocupa o seu lugar no cesto sempre que tem essa possibilidade.


 
 
Na Colômbia, uma gata adotou um filhote de esquilo, que foi resgatado das ruas. Ela abraça o filhote como se fosse a sua verdadeira mãe.
 
 
 
Esta mãe adotou um porquinho órfão.

 
 
A cadela amamenta o leãozinho como se fosse o seu próprio filhote, no zoológico de Ruchey Royev, na Sibéria.
O filhote é o único sobrevivente de uma ninhada de quatro leões.

 
 
A labradora Lisha lambe as suas crias: dois filhotes de tigres brancos. Mesmo sem ter tido nenhuma ninhada, as cadelas podem produzir leite, como foi o caso de Lisha.
Ela tem o dom para ser mãe. Além de ter adotado dois filhotes de tigres brancos, a fêmea também cria dois filhotes de chita.

 
 
A cadela amamenta dois filhotes de panda em Taiyuan, na China.
Os bichinhos foram abandonados pela mãe após o nascimento.
A mãe adotiva cheira os filhotes de panda antes de amamentá-los.

 
 
Um casal de cães da raça golden retriever brincam com uma lontra selvagem em Pine Harbour, nos Estados Unidos.
O animal foi adotado pelos cães depois de ser atropelado numa rodovia. A fêmea trata a lontra como seu filhote.

 

A tigresa Sai Mai, do Zoo Sriracha Tiger, na Tailândia, adotou três porquinhos que foram rejeitados pela progenitora.
 
 
 
A amizade poderia inspirar produtores de cinema ou criadores de desenhos animados. Numa casa de Christchurch (Inglaterra) a cadela Daisy e o gato Hector resolveram adotar os microporquinhos Chinook, Serge, Frenchie, Biscuit, Nimrod e Manuka. Todos comem, dormem e brincam juntos, diz a dona, Jane Croft. A inglesa garante que, apesar da crença popular, os porquinhos adoram andar limpos.
         

Baby chimp....
 
Há dois anos atrás, num dos zoológicos da Rússia, uma chipanzé fêmea por alguma razão rejeitou seu filhote. Quando um dos empregados do Zoo levou o pequeno chipanzé para a sua residência, nunca imaginou que a sua cadela, uma mastiff, se tornaria a mãe do chipanzé orfão, e trataria o lindo bébé como um dos seus filhotes.



        

Respeitar TODOS os animais, é o dever de TODOS.
Amá-los, é privilégio de alguns.

 
 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

2ª corrida fotográfica sobre “Patrimónios da água” no concelho de Vila Real de Santo António - Jornadas Europeias do Património 2012


VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO ASSOCIA-SE ÀS JORNADAS EUROPEIAS DO PATRIMÓNIO
COM 2ª CORRIDA FOTOGRÁFICA SOBRE "PATRIMÓNIOS DA ÁGUA"

Realiza-se no dia 29 de Setembro (Sábado), no âmbito das Jornadas Europeias do Património, com o tema "O Futuro da Memória", a 2ª corrida fotográfica no concelho de Vila Real de Santo António, este ano sobre os "Patrimónios da água", elementos identificadores do património e paisagem na região.

Minas, canhas, poços, noras, aquedutos, tanques, cisternas, represas, fontes marcam e identificam, ainda hoje, o território algarvio, em especial o barrocal com as suas hortas e pomares. Uma paisagem cultural trabalhada pelo homem, século após século onde se sobrepõem heranças de romanos, árabes e populações que lhes sucederam. Muita desta tecnologia hidráulica (construções e engenhos) manteve-se em uso na agricultura, sem grandes mudanças, até meados do séc. XX, altura em que se começaram a generalizar novos sistemas de rega e abastecimento de água. Constituem-se, por tudo isso como marcas distintivas na paisagem e memória local.

Também no litoral, onde as comunidades se viraram para o mar e para a ria na busca de sustento, vamos encontrar em estreita relação com a água, não só valiosos ecossistemas, como também, no domínio do património imaterial, diversas actividades e saberes-fazeres ligados à pesca, mariscagem, salinicultura, navegação marítima e fluvial.

Ao longo de um percurso que inclua as várias zonas do concelho com potencial, identificadas num mapa que será entregue no próprio dia, pretende-se que os inscritos na 2ª corrida fotográfica partam à descoberta e registem fotograficamente conjuntos edificados (noras, fontes, poços, tanques, cisternas, açudes,…) bem como hortas e pomares associados; áreas de valor ambiental e paisagístico ligadas à água (ria Formosa, sapal de Vila Real de Santo António e Castro Marim, praia da Manta Rota, baía de Monte Gordo, rio Guadiana,…); bem como, no domínio do património cultural imaterial, actividades profissionais e saberes-fazeres ligados à pesca, mariscagem, salinicultura e navegação.

Uma organização da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António / Centro de Investigação e Informação do Património de Cacela, com o apoio de Passeios da Ria Formosa; Restaurante Sem Espinhas e Quinta da Fornalha – Agricultura Biológica e Ecoturismo Sustentável.

Regulamento e ficha de inscrição disponíveis em: http://ciipcacela.wordpress.com/. As inscrições deverão ser efectuadas até ao dia 28 de Setembro de 2012, directamente no Centro de investigação e Informação do Património de Cacela, por e-mail ciipcacela@gmail.com ou telefone 281952600.

sábado, 22 de setembro de 2012

O papagaio que dizia-te `Amo-te`


Talvez por ser órfã de mãe e por o seu pai estar sempre fora de casa, Beatriz crescera triste e solitária. Na escola, chamavam-lhe “Beatriste”, porque se sentava sempre sozinha e não queria brincar com os colegas.
Em casa, depois de feitos os deveres, metia-se no quarto e lia até adormecer.
Beatriz tinha um pesadelo frequente: estava numa ilha deserta e não avistava nenhum barco. À noite, tinha frio e, de dia, fome e sede, pois o único alimento que havia na ilha era o coco. Ao acordar, Beatriz dizia para consigo: “Afinal, a minha vida é igual à do meu pesadelo”.
Não tinha amigos e os dias sucediam-se sem sentido, uns atrás dos outros, como cocos a cair de palmeiras.
Como dormia mal de noite, Beatriz acordava com sono e com poucas forças para falar com o pai. Este via o noticiário e saía logo a correr para o escritório, onde ficava a trabalhar até muito tarde. Quando voltava, já Beatriz estava a dormir, ou melhor, acordada, na sua ilha deserta cheia de coqueiros.
A menina interrogava-se se o pai gostaria mesmo dela ou se viera a este mundo por acaso, já que ele nunca a abraçava, beijava ou dirigia palavras de carinho. As conversas com ele eram sempre do género:
— Beatriz, não te esqueças, como ontem, do caderno dos deveres.
— Sim, papá.
— Já puseste o lanche na pasta?
— Sim, papá.
— Não atravesses a rua com o sinal vermelho ou amarelo!
— Sim, papá.
As trocas de palavras entre ambos não passavam disto, porque o pai, se calhar, era tão tímido como ela. Talvez ele também vivesse numa ilha, que barco algum jamais visitava…
******
Contudo, numa segunda-feira de manhã, aconteceu algo extraordinário que mudaria para sempre a vida de Beatriz.
Ainda não bem desperta, a menina teve a impressão de estar a ser observada. Todavia, ao abrir os olhos, viu que não havia ninguém no quarto. Nem se ouvia sequer o barulho da televisão, sinal de que o pai já tinha saído e lhe deixara o pequeno-almoço em cima da mesa.
Mas, quando olhou para a janela, Beatriz viu um papagaio grande e verde, pousado nas cordas do estendal. A ave olhava para ela de esguelha. Recuperada do susto, a menina perguntou-se de onde teria vindo aquele papagaio e o que faria ali, a espiá-la. Cheia de curiosidade, saltou da cama e abriu a janela para o ver melhor.
— Papagaio, pequenino, vem cá! — chamou-o em voz baixa, para não o assustar.
Tinha certamente escapado da casa de algum vizinho, pois logo respondeu ao convite de Beatriz, acercando-se dela.
— Perdeste-te? — perguntou a menina. — Vens de alguma ilha longínqua, cheia de palmeiras?
A ave pousou no braço de Beatriz, que a princípio se assustou. Porém, quando viu que o papagaio não a picava e que queria ser seu amigo, pô-lo no seu quarto, onde colocou um copo de água e um prato com migalhas de pão. Em seguida, saiu para a escola, muito feliz.
******
Ao meio-dia, telefonou ao pai para lhe contar o que se tinha passado e para lhe pedir que a deixasse ficar com o papagaio. Ia chamar-lhe Tequilha porque imaginava que ele tinha vindo de um país longínquo onde bebiam esse licor.
O pai falava pouco mas era muito atento. Por isso, quando Beatriz voltou da escola, já encontrou Tequilha instalado numa gaiola dourada, com o comedouro cheio de sementes de girassol.
— Olá! — cumprimentou-a, na sua voz estridente.
— Sabes falar! — exclamou a menina, admirada. — Ora vê se consegues dizer o meu nome: Beatriz, Beatriz, Beatriz…
Tequilha seguia atentamente a lição e movia o bico, mas não conseguia repetir o nome. Beatriz, que lera que os papagaios e os periquitos têm muita facilidade em pronunciar o “t”, disse-lhe:
— Chama-me então Beatriste, como fazem na escola. Beatriste, Beatriste…
Nem precisou de o repetir pela terceira vez, porque o papagaio logo exclamou:
— Beatriste!
A dona, orgulhosa, pulou de alegria. Depois de um dia tão bonito e emocionante, e logo após a empregada lhe ter servido o jantar, Beatriz deitou-se e adormeceu, cansada. Quando a luz da manhã a acordou, Tequilha estava a descascar uma semente, que segurava com uma pata.
— Bom dia, Tequilha! Não cumprimentas a tua Beatriste?
O papagaio acabou de descascar a semente, comeu-a com prazer e bradou:
— Amo-te!
Quando ouviu isto, Beatriz não conteve um grito de emoção. Depois, pensou que não era normal que o papagaio tivesse dito uma expressão típica de um galã de telenovelas. Será que vira muitas ou teria pertencido a algum par de recém-casados?
Podia ser apenas uma casualidade. Os papagaios brincam com as palavras que vão ouvindo e, por vezes, dizem coisas com sentido.
“Deve ser isso”, pensou Beatriz.
Contudo, na manhã do dia seguinte, Tequilha acordou-a com uma saudação igual:
— Amo-te!
— Quem te ensinou isso? — disse Beatriz. — Só os adultos usam essa palavra.
Como os papagaios falam, mas não conversam, Tequilha continuou a olhar para a sua dona e amiga com grande interesse, sem, contudo, dizer mais nada. Depois descascou outra semente.
Quando na quinta-feira, logo de manhã, o papagaio voltou a exclamar “Amo-te”, Beatriz resolveu investigar. Era estranho que as declarações de amor do papagaio só ocorressem de manhã. Quer de tarde quer à noite, Tequilha só dizia “Olá!”, “Beatriste” ou “Caramba!”.
******
Sabendo que o pai ainda estava a tomar o pequeno-almoço, Beatriz correu a expor-‑lhe o mistério. Mas o pai, muito vermelho e quase a engasgar-se, nada respondeu. Levantou-se, apressado, despediu-se da filha com um beijo e saiu de casa com a pasta.
De repente, Beatriz compreendeu o que acontecera e teve vontade de chorar. Só que de felicidade, desta vez! É que Tequilha repetia, cada manhã, o que o pai de Beatriz lhe dizia à noite, quando ela já dormia.
******
Agora reflete…
O Afeto
“O amor é a cura de todos os males”.
Leonard Cohen
Os sábios da Índia dizem que, quando olhamos para o mundo, o colorimos com as nossas próprias cores. Por isso, se olharmos os outros com ódio ou desconfiança, iremos receber ódio e desconfiança. Pelo contrário, se os virmos com amor, viveremos sempre rodeados de carinho.
E tu, como preferes viver?
Há quem tenha vergonha de expressar os seus sentimentos, mas isso não significa que não gostem de nós. Muitas vezes basta que lhes mostremos o nosso amor (com palavras amáveis, com um beijo, com um presente inesperado…) para nos abrirem o coração.
Se te custa dar carinho a alguém de quem gostas, imagina que o mundo vai acabar amanhã. O que farias hoje? Certamente correrias a abraçar os teus pais, irmãos e amigos. Dir-lhes-ias o quanto gostas deles, e falarias dos bons momentos que passaram juntos… Para fazeres isso, não é preciso esperar pelo fim do mundo! Podes começar hoje mesmo a dar-lhes afeto… mesmo que seja à tua maneira!
Mostra o teu carinho
Há muitas maneiras engraçadas e originais de demonstrar amor a quem te rodeia. Eis algumas:
a) Escrever um lindo poema no frigorífico com letras magnéticas.
b) Colocar um desenho muito alegre e bem colorido no seu quarto.
c) Compor uma canção para ele/a.
d) Oferecer-lhe um trabalho manual feito por ti.
Etc., etc.,…
Dr. Eduard Estivill; Montse Domènech
Cuentos para crecer: Historias mágicas para educar con valores
Barcelona: Editorial Planeta, 2006
(Tradução e adaptação)
 
A Equipa Coordenadora do Clube das Histórias

Equinócio de Outono


O Outono é a estação do ano que sucede ao Verão e antecede o Inverno. É caracterizado por queda na temperatura, e pelo amarelar das folhas das árvores, que indica a passagem de estações (excepto nas regiões próximas ao equador).
O Outono do hemisfério norte é chamado de "Outono boreal", e o do hemisfério sul é chamado de "Outono austral". O "Outono boreal" tem início, no hemisfério norte, a 22 ou 23 de Setembro e termina a 21 ou 22 de Dezembro. O "Outono austral" tem início, no hemisfério sul, a 20 de Março e termina a 20 ou 21 de Junho.
 
Equinócio de Outono 2012
Em 2012 o Equinócio de Outono ocorre no dia 22 de Setembro às 15h49m. Este instante marca o início do Outono no Hemisfério Norte. Esta estação prolonga-se por 89,81 dias até ao próximo Solstício que ocorre no dia 21 de Dezembro às 11h12m.
 
Equinócio: instante em que o Sol, no seu movimento anual aparente, corta o equador celeste. A palavra de origem latina significa "noite igual ao dia", pois nestas datas dia e noite têm igual duração.
 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Humberto e a macieira


Nos arredores de uma pequena cidade viveu em tempos um homem. Chamava-se Humberto. Humberto era um homem simpático, de olhos bondosos e uns óculos muito pequeninos pousados no nariz. Os seus caracóis castanhos pareciam a lã de uma ovelha. Morava numa casa velha e torta que se escondia tímida, quase envergonhada, por detrás de um belo jardim. No jardim, num prado verde e florido, havia uma macieira.
Todas as manhãs, quando se levantava, Humberto maravilhava-se com a beleza da sua árvore. Ao fim da tarde, quando regressava do trabalho, sentava-se durante horas a ver os pássaros na copa da macieira. Na verdade, devemos dizer que não é nada aborrecido estar a observar uma árvore. Algumas são verdadeiras artistas da mudança. Na primavera, vestem-se de mantos floridos e estendem os ramos para o calor, enquanto as abelhas laboriosas as procuram em busca de alimento. No verão, oferecem a sua sombra, enquanto o sol brilha com tanta intensidade que faz as pessoas andarem de rostos afogueados. No outono, o vento forte brinca sem descanso com as folhas amarelas, vermelhas e castanhas e espalha-as pelos prados e ruas, até que o inverno vista a paisagem de um manto branco.
Quando Humberto se deitava debaixo da macieira, lembrava-se de como costumava trepar por ela acima em criança. Muitas vezes se escondera nos seus ramos, quando a mãe o chamava para almoçar e ele ainda não tinha vontade de voltar para casa. Quando Humberto contemplava a sua árvore, sentia uma alegria imensa. Acontecia também que as pessoas paravam junto à cerca – uma mãe ou um pai com um filho, por exemplo. Por vezes alguém exclamava:
― Olha, que bonita!
Mas a maioria das pessoas passava apressadamente. Parecia que havia muitas coisas urgentes a fazer naquela cidade tão pequena.
Assim passaram os anos. Humberto ficou mais velho. A cara ficou coberta de rugas. O cabelo ficou, primeiro grisalho, depois branco e, com o tempo, desapareceu como as folhas no Outono. Só a barba continuava a crescer luxuriante, cobrindo-lhe o queixo e descendo pelo pescoço até ao peito. Humberto, contudo, continuava feliz, observando horas sem fim a árvore e os pássaros. Se apanhava crianças atrevidas a roubar maçãs, limitava-se a rir e gritava:
― Assim é que elas sabem bem, não é?
Os miúdos, então, fugiam envergonhados. Um dia, contudo, aconteceu uma coisa horrível. Era mais uma vez outono. O vento forte batia violento nas janelas e fazia as folhas coloridas girar no ar. Das montanhas em redor vieram nuvens carregadas de tempestade. Eram tão negras, sinistras e assustadoras que as pessoas fugiram para casa. Humberto também fechou a janela depois do primeiro trovão, mas ficou a ver o que acontecia, abrigado atrás do vidro.
Logo começaram a cair grossos pingos de chuva na janela. Depois, abateu-se um chuveiro sobre a pequena cidade, como se alguém muito zangado tivesse aberto a torneira. Entretanto, os relâmpagos riscaram o céu, acompanhados de trovões cada vez mais fortes e ameaçadores. De repente, o coração de Humberto ficou paralisado de susto. Diante dos seus olhos, um raio riscou o céu e caiu sobre a macieira com um estrondo tremendo. Ela estalou e gemeu enquanto o tronco se fendia em dois. Depois, a chuva refrescou a ferida. A tempestade passou.
Ali estava a árvore que fora tão bela. Oferecia um aspeto muito triste. Ficara tão retorcida e nodosa como a casa. Uma visão estranha. O tronco tinha uma cicatriz que ia até às raízes poderosas.
― Isso dói ― disse Humberto à árvore, dando-lhe uma palmadinha afetuosa.
A árvore suspirou baixinho. E, se as pessoas soubessem que as árvores também choram, talvez Humberto tivesse reparado nas gotas que havia na casca da macieira.
A primavera seguinte foi quente e cheia de sol. O canto dos pássaros era uma maravilha. As flores cresciam por toda a parte. Só a árvore continuava retorcida, nodosa e triste. Algumas folhas pequeninas tinham nascido e havia algumas flores em redor das quais as abelhas se atarefavam. Mas, embora se esforçasse, a pobre árvore já não tinha forças para florir como no passado. Ainda tinha dores, quando o tempo mudava ou o sol lhe queimava o tronco. Mas isso não era o pior. Ultimamente, as pessoas paravam outra vez a olhar para ela. Sem coração, miravam-na e chamavam-lhe “feia” e “nódoa”.
― Aquilo devia ser cortado ― tinha dito uma mulher, e um homem respondera que aquele era um bom local para um parque de estacionamento ou, pelo menos, para um relvado agradável, se a árvore não estivesse lá.
A árvore ficava cada vez mais triste. As lágrimas corriam pelos novos rebentos, tornando-os cada vez mais fracos. Humberto irritava-se com os comentários das pessoas. Gostava da árvore tal como ela era. Observava as aves a esvoaçar nos ramos e, à noitinha, dava-lhe palmadinhas no tronco.
― Fora daqui! ― gritava furioso, perseguindo com uma vassoura as pessoas pasmadas e surpreendidas.
No entanto, não servia de nada. Apareciam sempre outras pessoas com comentários desagradáveis. Um dia, montou na sua bicicleta ferrugenta. Os vizinhos ficaram espantados com o sorriso que ostentava no rosto. Algumas horas mais tarde, regressou carregado. Foi a correr ao barracão buscar uma pá e começou a cavar energicamente junto ao tronco da macieira. Só parou quando já tinha uma cova bem funda. Aí plantou uma pequena macieira delicada, que mal lhe chegava à altura da barba. “Assim, pelo menos, vamos ficar livres daquela árvore,” pensaram as pessoas. Mas Humberto sorriu malicioso, cobriu as raízes da macieira com terra, regou-a muito bem e foi arrumar a pá.
Passaram muitos anos. Primaveras, verões, outonos e invernos, uns atrás dos outros. Humberto transformara-se num velho curvado, que se sentava satisfeito à janela. A pequena macieira crescera tanto e estava tão carregada de frutos que Humberto não conseguia comê-‑los todos sozinho. A velha árvore retorcida continuava no jardim. Protegida pelos ramos da árvore jovem, vivia sossegada e contente.
Bastavam-lhe as poucas folhas e rebentos que corajosamente produzia todas as primaveras. Sorria secretamente sempre que uma criança roubava uma das suas maçãs, que já há alguns anos eram enrugadas e pequenas. As pessoas continuavam a passar apressadamente, tratando da sua vida. Já ninguém ligava às duas árvores. Contudo, de vez em quando, alguém parava e contemplava-as com satisfação.
Numa tarde de outono, a árvore sentiu inesperadamente o toque familiar de uma mão. O velho Humberto caminhara silenciosamente até ela e murmurara-lhe qualquer coisa. A árvore acenara em resposta. Também tinha sentido. O ar cheirava a neve. O inverno estava à porta. Era tempo de repousar. Enquanto os primeiros flocos de neve dançavam na janela e Humberto estava deitado na cama, a árvore, lá fora, também adormeceu. E assim, dormindo sossegados, ambos sonhavam com a primavera.
Bruno Hächler
Humberto e a Macieira
Porto, Ambar, 2000
 

Início do Ano Letivo 2012/2013


Caros Alunos,
 
Bem-vindos ao Novo Ano Escolar 2012/2013!
É com uma enorme satisfação que iniciamos este novo ano letivo!
 
Antes de mais, gostaria de apresentar a todos os nossos alunos, uma calorosa saudação de boas vindas à Escola Básica 2,3 D. Paio Peres Correia!
 
O início do ano letivo é, sem dúvida, uma fase de enorme entusiasmo e fortes expetativas para toda a Comunidade Educativa. Começamos uma nova caminhada, que para muitos marca o início dos seus estudos e para outros a continuação do percurso já iniciado.
 
É tempo de sonho e de ambição! Sei que todos vamos trabalhar, com o entusiasmo que nos carateriza, a fim de conseguirmos atingir e concretizar todos os projetos e ambições pedagógicas a que nos propomos. O Vosso empenho e esforço serão fundamentais para que a nossa Escola possa contar com um ano pleno de sucessos! No entanto, jovens alunos é importante que tenham bem presente que o sucesso educativo não surge por passe de magia… exige trabalho e mais trabalho… e no fim… ainda mais trabalho! Mas a alegria do sucesso alcançado é muito compensadora!
 
É importante referir que é nossa intenção promover e enaltecer, durante este novo ano letivo, os valores que nos unem; valores como a amizade, a solidariedade, o espírito fraterno e de entreajuda que, neste tempo cada vez mais exigente e impessoal, parecem querer afastar-se da realidade educativa.
 
Desejamos sobretudo estabelecer um ambiente seguro e tranquilo, onde possam mostrar todo o vosso empenho e motivação.
 
Para nós cada um de Vós é único e precioso e por isso é nossa intenção imprimir um ensino-aprendizagem de rigor e de elevados níveis de sucesso, para que todos possam ambicionar um futuro cheio de alegrias e êxitos!
 
O Projeto Educativo do nosso Agrupamento engloba os temas relativos à Saúde e ao Ambiente, e constituirá a base de todas as atividades pedagógicas neste ano escolar. Estes assuntos são tão importantes para todos, que nos parece fundamental que lhes dediquemos toda a nossa atenção!
 
Mas afinal o que é que esta Direção pretende de todos Vós?
 
Queremos que sejam felizes na nossa escola! Queremos que sintam orgulho em pertencer a esta grande família cujo patrono é o notável cavaleiro medieval da Ordem de Santiago, Dom Paio Peres Correia. Este cavaleiro notabilizou-se pela sua astúcia, esforço e dedicação, tal como é recordado por Luís Vaz de Camões n’ Os Lusíadas:

"Vês? com bélica astúcia ao Mouro ganha
Silves, que ele ganhou com força ingente:
É Dom Paio Correia, cuja manha
E grande esforço faz inveja à gente.”
 
Alunos, sejam realistas…peçam o impossível!
 
Professor Rui Domingos
Diretor do Agrupamento Vertical de Escolas D. Paio Peres Correia