terça-feira, 25 de março de 2008

Subir pelo lado que desce

Viver é subir uma escada rolante pelo lado que desce.
Ouvindo esta frase, imaginei qualquer pessoa nessa acrobacia que as crianças fazem ou tentam fazer: escalar aqueles degraus que nos puxam inexoravelmente para baixo. Perigo, loucura, inocência, ou uma boa metáfora do que fazemos diariamente?
Poucas vezes me deram um símbolo tão adequado para a vida, sobretudo naqueles períodos difíceis em que até pensar em sair da cama dá vontade de desistir. Tudo o que quereríamos era taparmos a cabeça e dormirmos, sem pensarmos em nada, fingindo que não estamos nem aí...
Porque Tanatos, isto é, a voz do poço e da morte, nos convoca a cada minuto para que, enfim, nos entreguemos e acomodemos. Só que acomodar-se é abrir a porta a tudo aquilo que nos faz cúmplices do negativo. Descansaremos, sim, mas tornando-nos filhos do tédio e amantes da pusilanimidade, personagens do teatro daqueles que constantemente desperdiçam os seus próprios talentos e dificultam a vida dos outros.
E o desperdício da nossa vida, talentos e oportunidades é o único débito que no final não se poderá saldar: estaremos no arquivo-morto.
Não que não tenhamos vontade ou motivos para desistir: corrupção, violência, drogas, doença, problemas no emprego, dramas na família, buracos na alma, solidão no casamento a que também nos acomodamos... tudo isso nos sufoca. Sobretudo, se pertencermos ao grupo cujo lema é: Pensar, nem pensar... e a vida que se lixe.
A escada rolante chama-nos para o fundo: não dou mais um passo, não luto, não me sacrifico mais. Para quê mudar, se a maior parte das pessoas nem pensa nisso e vive da mesma maneira, e da mesma maneira vai morrer?
Não vive (nem morrerá) da mesma maneira. Porque só nessa batalha consigo mesmo, percebendo engodos e superando barreiras, podemos também saborear a vida. Que até nos surpreende quando não se esperava, oferecendo-nos novos caminhos e novos desafios.
Mesmo que pareça quase uma condenação, a ideia de que viver é subir uma escada rolante pelo lado que desce é que nos permite sentir que afinal não somos assim tão insignificantes e tão incapazes.
Então, vamos à escada rolante: aqui e ali até conseguimos saltar degraus de dois em dois, como quando éramos crianças e muito mais livres, mais ousados e mais interessantes.
E porque não? Na pior das hipóteses, caímos, magoamo-nos por dentro e por fora, e podemos ainda uma vez... recomeçar.

Lya Luft
Pensar é transgredir
Lisboa, Presença, 2005

O Leão e o Rato


segunda-feira, 24 de março de 2008

Helen, A menina do silêncio e da noite


Helen, a menina do silêncio e da noite

Esta é uma história verdadeira.

Há cem anos, na América, nascia uma menina loira. O pai e a mãe estavam muito felizes.

Chamaram-lhe Helen Keller. Helen é um bonito nome.

Por volta dos dezoito meses, Helen adoeceu. E, quando ficou boa, os pais aperceberam-se de que ela já não via nem ouvia nada. Tinha-se tornado cega e surda.

Entretanto, crescia, brincava, comia e corria, como as outras crianças; só que não se lhe podia explicar, dizer ou mostrar nada.

Nós que vemos, sabemos que o céu é azul, vemos o sorriso da Mamã e do Papá, vemos os animais e tudo o que se passa em nossa casa, lá fora, na rua, nos campos e por todo o lado.

Helen não via nada.

Nós que ouvimos, ouvimos a voz dos nossos pais, ouvimos baterem à porta, ouvimos o ruído dos carros e ouvimos música.

Helen não ouvia nada.

Em todo o lado, ouvimos sempre qualquer coisa, mesmo à noite, quando dormimos.

Quando se é surdo, não se compreende o que dizem as pessoas, por que é que se riem, por que se zangam, por que falam.

Não podemos repetir as palavras, para aprender o nome das coisas.

Não podemos falar para perguntarmos o que queremos.

E, sobretudo, não temos palavras para pensar.

Os que são apenas cegos têm ouvidos para ouvir e perceber o que se passa à sua volta.

Os que são apenas surdos, têm olhos para ver e compreender o que se passa ao seu redor.

Mas ser ao mesmo tempo surdo e cego, é terrível! É como se estivéssemos sempre sós no silêncio e na noite.

Helen estava assim, completamente só no silêncio e na noite.

Os pais não sabiam o que fazer para lhe explicar as coisas. Muitas vezes Helen enfurecia-se e partia tudo o que encontrava, rasgava as roupas, comia com as mãos e atirava o prato ao chão; batia na irmã mais nova e gritava.

Então os pais choravam porque não sabiam o que fazer para lhe ensinar o que ela não sabia, e para lhe fazer compreender que a amavam muito.

Helen estava muito triste. Muitas vezes, ficava sentada no chão e chorava o dia inteiro. Helen estava só no silêncio e na noite e sentia-se muito infeliz.

Os pais deixavam-lhe fazer tudo o que ela queria. Nunca a castigavam, e Helen era ainda mais infeliz.

Quando fez sete anos, os pais tiveram uma boa ideia: pediram a uma professora para vir morar com eles. Chamava-se Ann Sullivan e tinha dezoito anos. Já tinha sido cega, mas fora operada e agora via.

Estava decidida a ajudar crianças cegas.

Conhecia muitos jogos para cegos. Mas Helen era cega e surda, e Ann não sabia se conseguiria vir a "falar" com Helen.

A princípio, Helen era muito mazinha com a sua professora e não queria aprender nada. Não gostava de ser mandada porque estava habituada a fazer tudo o que queria.

Mas Ann era muito paciente. Ensinou-lhe muitas coisas: enfiar pérolas, tricotar e coser. Separar os objectos redondos dos quadrados, e os duros dos moles. E, pouco a pouco, Helen tornou- -se gentil e asseada. Não se podia servir dos olhos nem dos ouvidos, mas tentava compreender muitas coisas com as mãos. E foi com as suas mãos que Helen aprendeu a falar.

Um dia, Ann, tocando-lhe nas mãos, fê-la compreender, enfim, que lhe ensinava, deste modo, o nome das coisas. Percebeu, assim, que tudo tinha um nome: as coisas, os animais, as pessoas.

Aprendeu o seu nome, "Helen", e "Papá" e "Mamã" e "Professora". E quando Helen tocava com as suas mãos nas do pai, dizendo Papá, ele chorava de alegria. Era formidável.

Então, Helen aprendeu a ler seguindo com os dedos as letras para os cegos. E, mais tarde, conseguiu falar com a sua voz; mas era muito difícil, porque não ouvia o que dizia.

Helen era muito inteligente e aprendia depressa. Queria saber tudo. Foi à escola com Ann, que a acompanhava para todo o lado e lhe dizia, com as mãos, tudo o que diziam as professoras. E Helen fazia os trabalhos de casa na sua máquina de escrever. Tornou-se tão inteligente que passou num exame difícil em que nenhuma rapariga do seu país tinha conseguido passar.

Helen tornou-se célebre e todos queriam conhecê-la.

Viajou muito. Foi a todos os países explicar às pessoas que era preciso ocuparem-se das crianças surdas e cegas, porque elas também podiam compreender, aprender como ela, e serem felizes.

Helen sabia que tinha tido muita sorte: tinha uns pais que a amavam, e que haviam podido pagar uma professora só para ela. E, sobretudo, tinha Ann, que era muito inteligente e paciente.

Helen gostaria que todas as crianças cegas e surdas fossem ajudadas e amadas como ela foi.

Agora, graças a Helen Keller e a Ann Sullivan, sabemos ocupar-nos melhor de crianças que não vêem e que não ouvem.

Anne Marchon

Helen, a menina do silêncio e da noite

Desabrochar – Editorial, 1988

sexta-feira, 21 de março de 2008

Dia Mundial da Poesia

Instituído na 30ª Conferência Geral da UNESCO, em 1999, o Dia Mundial da Poesia, assinalado hoje, coincide com o início da Primavera e, em Portugal, com o Dia da Árvore, numa lógica que parece simbolizar o renascimento ou a renovação e com o objectivo de defender a diversidade linguística.
O Dia Mundial da Poesia resultou da constatação de que existiam no mundo necessidades estéticas por satisfazer e de que a poesia podia preenchê-las se o seu papel social de comunicação interpessoal fosse reconhecido e continuasse a ser um meio de estimular e expressar o conhecimento.
A existência da efeméride tem, na perspectiva do poeta José Miguel Silva, «uma importância relativa», porque é «só um dia», o que «não dará grandes resultados no sentido de angariar leitores», mas «tudo o que se fizer para divulgar a poesia é positivo», salientou.
Em Portugal, a data será assinalada no dia 21 de Março, um pouco por todo o país, com vários eventos, em que se incluem sessões de leitura de poesia, concertos, feiras do livro, exposições e debates.
Uma vez que este dia é feriado, as comemorações terão lugar no sábado, dia 22. As actividades organizadas pelo Plano Nacional de Leitura, decorrerão no Centro Cultural de Belém.

Consulta o programa aqui

Dia Mundial da Floresta e Dia da Árvore

A comemoração oficial do Dia da Árvore teve lugar pela primeira vez no estado norte-americano do Nebraska, em 1872. John Stirling Morton conseguiu induzir toda a população a consagrar um dia no ano à plantação ordenada de diversas árvores para resolver o problema da escassez de material lenhoso.
A Festa da Árvore rapidamente se expandiu a quase todos os países do mundo, e em Portugal comemorou-se pala primeira vez a 9 de Março de 1913.
Em 1971 e na sequência de uma proposta da Confederação Europeia de Agricultores, que mereceu o melhor acolhimento da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), foi estabelecido o Dia Florestal Mundial com o objectivo de sensibilizar as populações para a importância da floresta na manutenção da vida na Terra.
Em 21 de Março de 1972 – muitas vezes estabelecido também como o início da Primavera no Hemisfério Norte - foi comemorado o primeiro Dia Mundial da Floresta em vários países, entre os quais Portugal.

Fonte
ICN (http://www.icn.pt/)

quinta-feira, 20 de março de 2008

Primeiro dia da Primavera - o Equinócio Vernal

Dia 20 de Março de 2008 é o primeiro dia da Primavera (no hemisfério norte), iniciando-se precisamente às 05.48 UTC.
Também uma excelente data para comemorar numa biblioteca ou escola (este ano coincidiu com as férias de Páscoa).
Próximas datas do Equinócio Vernal (1º dia de Primavera a norte do equador e o 1º dia de Outono na parte sul do mundo):
2009: 20 Março, 11.43
2010: 20 Março, 17.32

Aproveitámos para partilhar uma explicação desta data especialmente direccionada ao público mais jovem. Ou seja, uma "aula" em tempo de férias:

PRIMEIRO DIA DA PRIMAVERA
Na parte norte do mundo, 20 de Março é o primeiro dia da Primavera. Os ventos frios do Inverno já se foram e as flores selvagens estão a começar a florescer. É hora de encontrar os calções da natação e sapatilhas para o futebol e planear viagens de Verão. E ler ao ar livre…
No distante sul, atravessando o equador, o Outono está prestes a chegar. Os dias mais quentes do verão já são passado. Cada dia é mais curto do que o anterior. Será logo hora de juntar as folhas e ir buscar as roupas quentes.
A razão para estas mudanças tem que ver com a viagem anual da Terra em torno do sol.
Durante parte do ano, o Pólo Norte da Terra aponta afastado do sol e parte do tempo em direcção a ele. É isto que dá origem às nossas estações. Quando o Pólo Norte aponta para o sol, os raios do sol batem na metade norte do mundo mais directamente. Isso significa que está mais quente e nós temos o Verão. Mas quando o Pólo Norte está apontado em direcção ao sol, o Pólo Sul aponta afastado do sol. Assim a parte sul do equador da Terra recebe menos calor do sol e é Inverno lá.
O dia mais longo acontece no meio do Verão, a 21 ou 22 de Junho, a norte do equador. Isso chama-se o solstício do Verão. O dia mais curto está no meio do Inverno, por volta de 21 ou 22 de Dezembro, a norte do equador. Isso é chamado o solstício do Inverno. Mas mesmo entre o Inverno e o Verão, este ano a 20 de Março, cada dia e noite tem a duração de 12 horas. Isto é denominado de equinócio vernal. É o primeiro dia de Primavera a norte do equador e o primeiro dia de Outono na parte sul do mundo.
Entre o Verão e o Inverno há um outro equinócio, chamado equinócio outonal. Tal como o equinócio vernal, o dia e a noite têm a mesma duração. Só que esta mudança é o primeiro dia do Outono a norte do equador e o começo da Primavera para o sul.
EQUINÓCIO
O tempo em que a noite e o dia são de duração igual em todas as partes da Terra. A palavra equinócio vem do Latim que significa "noite igual".
- Equinócio da Primavera: o começo da Primavera, chamado frequentemente de equinócio vernal. Vernal significa "da primavera". Ocorre a 20 ou 21 de Março
- Equinócio outonal: o começo do Outono. Ocorre a 22 ou 23 de Setembro.

SOLSTÍCIO
A época do ano em que o sol alcança o mais distante norte ou o mais distante sul. A palavra solstício significa "sol ainda lá está".
- Solstício do Verão: O dia do solstício do Verão é o dia o mais longo do ano. É o começo do Verão, a 21 ou 22 de Junho.
- Solstício do Inverno: O dia do solstício do Inverno é o dia o mais curto do ano. É o começo do Inverno, a 21 ou 22 de Dezembro.

ESTAÇÕES
Cada estação - Primavera, Verão, Outono e Inverno - dura aproximadamente três meses e trazem mudanças na temperatura, no tempo e na duração da luz do dia. As estações mudam constantemente porque a inclinação do eixo terrestre nunca muda enquanto a Terra circunda o sol.


Fonte

quarta-feira, 19 de março de 2008

Dia do Pai

O Dia do Pai tem origem na antiga Babilónia, há mais de 4 mil anos. Um jovem chamado Elmesu Moldou escupiu em argila o primeiro cartão. Desejava sorte, saúde e longa vida a seu pai.
Nos
Estados Unidos, Sonora Luise resolveu criar o Dia do Pai em 1909, motivada pela admiração que sentia por seu pai, John Bruce Dodd. O interesse pela data difundiu-se da cidade de Spokane para todo o Estado de Washington e daí tornou-se uma festa nacional. Em 1972, o presidente americano Richard Nixon oficializou o Dia do Pai. Naquele país, ele é comemorado no terceiro domingo de Junho. Em Portugal é comemorado a 19 de Março. No Brasil, é comemorado no segundo domingo de Agosto. A criação da data é atribuída ao publicitário Sylvio Bhering, em meados da década de 50, festejada pela primeira vez no dia 14 de Agosto de 1953, dia de São Joaquim, patriarca da família.
Em Portugal, o Dia do Pai celebra-se a 19 de Março porque este é o dia de S. José, o pai de Jesus. Assim faz-se uma homenagem especial a todos os pais do mundo.
São José, marido de Maria, era carpinteiro e vivia na cidade de Nazaré, na Galileia. Ao que parece, era um bom homem e aceitou ser o pai de Jesus. A sua história vem contada na Bíblia.
O culto a São José começou no século IX.
Não se sabe ao certo em que data José nasceu ou morreu, mas o papa Gregório XV, em 1621, referiu a data de 19 de Março como a da sua morte.
E assim ficou a ser o seu dia!
Tornou-se também o santo padroeiro (protector) dos carpinteiros, pela profissão que tinha.
O nome José vem do hebreu, Youssef, e significa "que Deus acrescente".

Países que celebram no terceiro domingo de Junho:
·
África do Sul
· Argentina
·
Canadá
·
Chile
·
Eslováquia
·
Estados Unidos
·
Filipinas
·
França
·
Hong Kong
·
Holanda
·
Índia
·
Irlanda
·
Japão
·
Macau
·
Malásia
·
Malta
·
México
·
Peru
·
Reino Unido
·
Turquia
·
Venezuela

Países que celebram noutras datas:
·
Áustria: segundo domingo de Junho
·
Austrália: o primeiro domingo em Setembro
·
Bélgica: St Joseph's day (19 de Março), e o segundo domingo em Junho ("Secular")
·
Brasil: segundo domingo de Agosto
·
Bulgária: 20 de Junho
·
Dinamarca: 5 de Junho
·
República Dominicana: último domingo de Junho
·
Alemanha: no Dia da Ascensão
·
Coréia do Sul: 8 de Maio, Dia do Pai (ambos).
·
Lituânia: o primeiro domingo de Junho
·
Nova Zelândia: o primeiro domingo de Setembro
·
Noruega, Suécia, Finlândia, Estônia: segundo domingo de Novembro
·
Polônia: 23 de Junho
·
Portugal, Espanha, Itália: 19 de Março
·
Rússia: 23 de Fevereiro (dia do Exército)
·
Tailândia: 5 de Dezembro, dia do nascimento do rei Bhumibol Adulyadej
·
Taiwan: 8 de Agosto

Uma homenagem a todos os pais...



Um pai vale mais do que uma centena de mestres-escola!


George Herbert, poeta inglês (séc. XVII)

terça-feira, 18 de março de 2008

Um pensamento...


Desejo tanto que respeitem a minha liberdade que sou incapaz de não respeitar a dos outros...

Tokio Hotel adiam e o público chora

Desilusão total no Pavilhão Atlântico, em Lisboa. Ontem, ao início da noite, quando quase 17 mil pessoas aguardavam a aparição em palco dos Tokio Hotel, a banda alemã viu-se obrigada a adiar o espectáculo devido a doença do vocalista, Bill Kaulitz.
O público, maioritariamente adolescente, teve conhecimento da má notícia às 19.50 horas, quando já passavam 20 minutos da hora marcada para o início do espectáculo. Nesse preciso momento, Álvaro Covões, da promotora Everything is New, e o guitarrista Tom Kaulitz (irmão do vocalista que adoeceu) subiram ao palco para informar a assistência do sucedido.
Foi o próprio Tom Kaulitz quem disse aos fãs que o irmão foi afectado por uma laringite, que o impedia de cantar e que já se encontrava a caminho da Alemanha para ser tratado. Confrontados com o sucedido, milhares de adolescentes desataram num choro convulsivo bastante impressionante. Recorde-se que largas dezenas de jovens estavam acampados junto do recinto desde a tarde de sexta-feira.
"Estava a estranhar isto não ter começado a horas", disse, ao JN, Maria Cândida, de 47 anos, acompanhada por duas filhas adolescentes que não paravam de chorar.
O espectáculo de ontem está agora agendado para o dia 29 de Junho. Os bilhetes mantêm-se válidos para a nova data. Todavia, quem pretender a devolução do dinheiro deve dirigir-se ao local de compra a partir da próxima quinta-feira. O prazo para devolução do dinheiro é de 30 dias e termina a 18 de Abril.
Quem adquiriu o bilhete através do site do Pavilhão Atlântico deve enviar um e-mail para ticketing@pavilhaoatlantico.pt , que a devolução do dinheiro será efectuada directamente para o cartão de crédito ou número de conta fornecida. Para os bilhetes comprados através do site Ticketline, deverá ser enviado um e-mail para ticketline@ticketline.pt.
Recorde-se que a banda alemã virá também a Lisboa para uma actuação no festival Rock in Rio, marcada para 1 de Junho.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Melhor Blogue de uma Biblioteca Escolar

Entre outros blogues, de outras bibliotecas escolares, fomos nomeados para a categoria de Melhor Blogue de uma Biblioteca Escolar.
De Fevereiro até Maio de 2008, será a altura de efectuar as nomeações; estas são livres e feitas inteiramente pelos visitantes, por email ou através deste blogue.
Na primeira quinzena de Junho, serão as votações para a eleição dos 10 melhores em cada categoria
Estes serão escolhidos através da selecção de um júri (40%) e votação popular num blogue a criar para o efeito, através de comentários/votações deixados por pessoas incritas no Blogger ou que tenham um blogue (60%). Ou seja, não serão permitidas nesta fase votações anónimas.
Os seis blogues de cada categoria com o maior número de votações/comentários serão seleccionados para a votação final.
Ainda em Junho, de 15 a 30, haverá a votação popular propriamente dita pela internet através de aplicação/programa a incluir para o efeito visando escolher os Melhores do Ano entre os dez vencedores das diferentes categorias.
Para saber mais, clica aqui.

Concurso de vídeos no YouTube "Biblio Filmes: Livros, Bibliotecas, Acção!"

O QUÊ?
Realização de um vídeo sobre as actividades desenvolvidas na Semana da Leitura e participação no BiblioFilmes. Concurso de vídeos no YouTube "Biblio Filmes: Livros, Bibliotecas, Acção!".
O concurso BiblioFilmes pretende lançar um desafio à Comunidade da Língua Portuguesa a fazer um "filme" (em vídeo ou telemóvel) a contar a sua história e provar o quanto gostam de ler, da sua biblioteca e/ou livros.

PARA QUEM?
Professores, Alunos, Funcionários de Bibliotecas, ... - na verdade, qualquer pessoa que goste da sua Biblioteca (Pública, Escolar, privada). Todos estão convidados a fazer um vídeo sobre a sua biblioteca preferida e/ou livro!

QUANDO?
Realização e envio dos filmes- até 2 de Abril de 2008 (Dia Internacional do Livro Infantil)
Período de votações- até 23 de Abril (Dia Mundial do Livro), em que serão anunciados os vencedores.

PARA SABER MAIS?
Visitem Bibliofilmes no blogue, no sítio oficial ou na secção para as Bibliotecas Escolares .

Elogio do Sofá


Para muitos de nós, é a doença ou a perda de um familiar que nos faz encarar pela primeira vez a morte. A minha mãe tem um cancro incurável no pulmão, embora nunca tenha fumado. Uma tarde, enquanto estava deitada na cama ao lado dela, ouvindo a sua respiração e o tiquetaque do relógio na mesinha-de-cabeceira, percebi pela primeira vez na minha vida que o tempo, um dia, irá acabar para todos nós.
Decidi estar com a minha mãe o mais tempo possível. Isto não tem nada com o sentido do dever, mas quero estar perto dela para apreciar o tom das suas gargalhadas, para a tranquilizar e para me tranquilizar com a sua presença. Mas conseguir tempo para estar com ela foi o meu maior desafio. Tal como a maioria das pessoas que conheço, sou uma pessoa muito ocupada. Tenho um marido, um filho de 4 anos cheio de energia e uma casa para governar. Também mantenho um emprego muito exigente como co-apresentadora de um programa na Rádio 4 da BBC chamado You and Yours (Você e as Suas Coisas).
Consenti a mim própria um sorriso forçado quando um dia cheguei ao emprego e me disseram que iríamos fazer uma série de programas para explorar o tema da falta de tempo.
A noção de que somos uma geração com escassez de tempo chegou até nós via Estados Unidos. Nunca tinha dado muita atenção a isto. Como é que eu – que sou uma pessoa com tantos electrodomésticos para poupar trabalho e um filho – tenho menos tempo livre do que a minha mãe, que teve seis filhos e nem sequer uma máquina de lavar?
Coloquei esta questão ao professor universitário americano que tem dedicado a vida ao estudo da falta de tempo. Ele salientou o facto de que, apesar de eu ter mais aparelhos para poupar trabalho, também tento manter a minha casa mais limpa do que a minha mãe.
"Somos uma geração que estabeleceu uma fasquia muito alta para si própria em quase todas as áreas da vida", disse ele. Lutamos para conseguir ultrapassá-los, criando horários tão sobrecarregados que andamos num constante estado de ansiedade.
Esta análise tocou num ponto fulcral. Eu desejo manter a casa mais limpa e arrumada do que a minha mãe. Tenho dinheiro para gastar em quadros, flores e mobília. Estou a tentar criar algo de perfeito e fico infeliz se vejo desarrumação ou pó. E, para ser sincera, gosto de exibir isso aos amigos. O meu marido goza comigo e diz que eu faço desaparecer todo e qualquer vestígio de vida humana antes de alguém chegar...
As ideias do professor, sobre o impacto das nossas vidas de trabalho, soou igualmente verdade. O trabalho tornou-se uma nova religião, uma forma de satisfazer a ânsia de encontrar um significado para a vida. Tentamos trabalhar para a obtenção de uma identidade e de um meio para assegurarmos o nosso futuro. E porque investimos tanto tempo no nosso trabalho, gostamos de nos auto-recompensarmos com coisas materiais.
Muitas vezes, gastamos o dinheiro antes de o termos ganho. A dívida é uma preocupação constante na nossa mente, mantendo-nos acorrentados a um trabalho monótono e árduo, mesmo quando ansiamos por uma folga.
O professor sugere que adoptemos a arte de «viver o momento» como um possível antídoto para o stress auto-infligido causado pela escassez de tempo.
É um conceito budista que significa que devemos aproveitar e tirar prazer de cada momento e actividade, em vez de tentarmos fazer muitas coisas de uma só vez e de estarmos constantemente a pensar e a antecipar os trabalhos que aí vêm.
Naquele dia, depois de entrevistar o professor, fui a correr do trabalho para casa a fim de levar o meu filho a um grupo de trabalho pós-escolar. Vendo como eu estava cansada, o meu marido ofereceu-se para o levar à aula, deixando-me com uma hora de tempo livre.
Comecei a fazer os preparativos para o jantar e descobri que me restava meia hora, por isso pensei que ainda conseguiria fazer uma daquelas pequenas tarefas do tipo «faça você mesmo». Mas, em vez disso, parei. Pensei em viver o momento e fui sentar-me no sofá.
Estava uma tarde bonita e, pela primeira vez em dois anos, desde que nos mudámos para esta casa, sentei-me sossegada a apreciar a vista. Vivemos numa aldeia na orla de Cotswolds, e a luz do Sol conferia à pedra uma cor próxima do caramelo. Aqueles vinte minutos pareceram imenso tempo, e, na verdade, quando o meu filho chegou eu já estava descontraída.
Desde então, e sempre que tenho oportunidade para isso, tenho praticado a arte de viver o momento. Apaguei da minha agenda tudo o que não era essencial, adiei os planos para a casa e jardim e recusei algum trabalho extra de prestígio.
A doença da minha mãe só acontece uma vez na vida e é nisso que estou concentrada. Nem uma só vez me senti pressionada ou privada de tempo para mim própria. À minha mãe é que foi, na verdade, roubado tempo, e isso fez com que eu libertasse a minha mente de tudo o que acreditava – erradamente – ser importante.
Ontem, sentei-me e vi um filme com o meu filho. E vi-o de facto. Não tentei ler um jornal ao mesmo tempo, como costumava fazer. Depois, observei-o enquanto adormecia e ouvi o tiquetaque do relógio, à medida que os momentos passam e não voltam mais.
Há coisas simples que podemos fazer para enriquecer as nossas vidas. O perigo maior reside na nossa pressa de saltar a fasquia que estabelecemos para nós próprios, esquecendo-nos de que o tempo é uma fonte limitada.

Winifred Robinson
Adaptação
Selecções do Reader's Digest
Outubro 2004

O Veado Doente

domingo, 16 de março de 2008

Páscoa Feliz

A Equipa da Biblioteca e Centro de Recursos do Agrupamento de Escolas Dom Paio Peres Correia deseja a toda a comunidade escolar e seus familiares, a todas as BECRE's e a todos os utilizadores deste blogue, uma Páscoa Feliz.

Semana da Leitura 2007/2008

Semana da Leitura 2007/2008 - Biblioteca e Centro de Recursos do Agrupamento de Escolas Dom Paio Peres Correia - Tavira

Poemas da Mentira e da Verdade

"Poemas da Mentira e da Verdade" de Luísa Ducla Soares, um dos livros mais requisitados na Semana da Leitura 07/08

Encosta-te a mim

"Encosta-te a mim", canção original do músico Jorge Palma, adaptada à realidade da turma pelos professores e interpretada pelos alunos da turma do 6ºB

Leituras de alunos

Participação dos alunos na Semana da Leitura 07/08, com leituras diversas

História de um Papagaio

Teatro na Semana da Leitura 07/08 - "História de um Papagaio", baseado numa história de António Torrado

Ler em Inglês

Ler em Inglês na Semana da Leitura 07/08 - The White Oryx, de Bernard Smith

Histórias e Fantochadas

"Aldeia dos Macacos" na Semana da Leitura 07/08, teatro de fantoches a cargo dos alunos da EB1 de Conceiçãodo

Jograis da Secretaria II

Lição de Português na Semana da Leitura 07/08, pelos Jograis da Secretaria

Cocktail

O cocktail esteve a cargo dos alunos da turma 9ºE CEF e das professoras responsáveis.

Teatro de Fantoches

Leituras de poemas, lengalengas e teatrinho de fantoches na Semana da Leitura 07/08, pelos alunos da professora Patrícia Anica.

Ofir Chagas

O escritor tavirense Ofir Chagas foi convidado para participar na Semana da Leitura 07/08.
Aqui, acompanhado pela Equipa da Biblioteca e pela Presidente do Conselho Executivo, enquanto falava aos alunos e demais audiência sobre o seu livro sobre Dom Paio Peres Correia.

Professor Marco Teixeira

O professor Marco Teixeira, de Educação Musical, encerrou com "Chave de Ouro" a Semana da Leitura 07/08, com uma canção tradicional da Galiza.

sábado, 15 de março de 2008

Agradecer


"Obrigado, Mãe-Terra. Obrigado, Pai-Céu. Obrigado por este dia."
O meu pai diz isto, todas as manhãs, quando está no campo perto de nossa casa.
Tal como os seus amigos índios — cantores e contadores de histórias — o meu pai acha que as coisas da Natureza são uma dádiva. E que devemos dar algo em troca dessa oferta. Que devemos dar graças.
O meu pai agradece às rãs e aos grilos, que cantam no riacho, e a todos os pequenos seres de seis ou oito patas que tecem histórias minúsculas mesmo junto à terra.
Agradece aos cogumelos selvagens, que cheiram como as abóboras.
Agradece às árvores, que agitam os braços e fazem voltear as folhas na brisa.
Agradece à raposa de orelhas pontiagudas e cauda farta e ondulante, que ele entrevê por um instante por entre a relva alta.
Agradece aos veados, que deixaram pegadas que parecem dois dedos impressos no pó do chão a apontarem para a água.
Agradece às águias que, agitadas, se dispersam para se juntarem de novo.
Agradece à lebre que cabriola e dá grandes saltos no ar a perseguir uma sombra.
Agradece ao falcão, que desenha círculos no céu e grita antes de se lançar em voo picado.
Agradece ao Avô-Sol pelo dia, quando ele se põe atrás das colinas.
E agradece à Avó-Lua por ter vindo até nós.
Sinto-me embaraçado quando agradeço às árvores e às coisas. Mas o meu pai diz que é uma questão de hábito e que acabamos por nos sentir bem ao fazê-lo.
"Obrigado, estrelas", digo, à medida que nos aproximamos de casa. E as estrelas acendem-se e parecem sair do seu esconderijo, uma a uma.
Tradução e adaptação
Jonathan London
Giving ThanksMassachusetts , Candlewick Press, 2005

sexta-feira, 14 de março de 2008

Capítulo III – Rita, grande amiga!




Para Filipe o filme já não tinha mesmo piada alguma. El Gordito, entretido com o seu cachorrão, não percebera a aflição do amigo. Contudo, Rita, mais sensível e atenta, perguntou-lhe: - Filipe, que se passou? Pareces-me um pouco triste... Filipe, um pouco embrutecido respondeu-lhe que não se passava nada. Depois de grande insistência por parte da Rita, Filipe lá desabafou e explicou-lhe a situação.
Rita, depois de ouvir o amigo, passou à acção. Objectivo? Conhecer a rapariga dos sonhos de Filipe e perceber realmente se ela tinha namorado ou não.
Quando o filme terminou, Filipe e os amigos resolveram ir a uma gelataria comprar um gelado, antes de irem para casa. El Gordito, naturalmente rejubilou com a proposta. Compraram os gelados e sentaram-se em frente à praia a curtir a bela lua cheia que iluminava o mar. O cenário era mesmo à maneira.
De repente Rita levantou-se e desapareceu por momentos. Apercebera-se que a tal dama estava ali perto e sozinha... então e o rapaz que estava com ela no cinema? Rita dirigiu-se a ela e começaram a conversar. De onde és? Como te chamas? Que costumas fazer? Conheces o não sei quantos? E a não sei quantas? Gostas daquela loja? Enfim um sem fim de questões. Conversaram uma bela meia horinha, pelo menos. Depois dirigiram-se para o banco onde estavam sentados os amigos e quando Filipe viu a sua dama ficou pálido. Pálido? Hummm acho que era mesmo transparente. O coração a acelerar, o calor a inundar-lhe o corpo. Sentia-se a rebentar e sem saber o que dizer. E agora? E agora? Que faço? Que digo? Que cena meu!!!! - Olha Filipe, esta minha amiga é a Raquel, disse Rita.
- O-O-O-O-Oi Ra-Ra-Ra-quel! Eu sou o Fi-Fi-Fi-lipe! Muito pra-pra-pra-zer. Gaguejou Filipe.
- Muito prazer Filipe. És mesmo gago ou estás assustado por eu estar aqui? Respondeu Raquel.
É obvio que Rita já tinha feito todo o relato a Raquel. Rita já sabia que aquele bacano que estava com Raquel era apenas o primo dela e que afinal não havia namorado nenhum. Sabia também que Raquel estava desejosa de conhecer o seu herói que a salvou das garras do larápio que a queria assaltar. No fundo Rita sabia que havia ali qualquer coisa no ar e que se calhar o seu amigo ainda seria bem feliz, afinal Raquel até era a miss escola.
As mulheres, normalmente, apercebem-se rapidamente destas coisas do amor. Os homens não... demoram bastante a dominar essas matérias. Esta coisa de tentar perceber as mulheres não é fácil. Aliás, os homens já perceberam que o melhor é desistir e procurar não entendê-las, uma vez que isso pode levá-los à loucura! É verdade.
Rita queria deixá-los sozinhos, mas El Gordito, que estava entretido com o seu Super Geladão, nem se apercebeu disso, só se levantando depois de um valente beliscão dado pela amiga.
Filipe, mais calmo, começou a sentir-se nas nuvens. A conversa estava cada vez mais interessante e havia ali uma química especial... percebia-se à distância. Parecia ser o princípio de uma bela amizade. Raquel tivera excelente aceitação por parte de todo o grupo. O pessoal gostava de Filipe, Filipe gostava daquela dama, logo a equação era simples, o pessoal gostava também dela.
A partir desse dia os cinco amigos tornaram-se inseparáveis, especialmente Filipe e Raquel. Inseparáveis até quando? Só o futuro o dirá. Importante é manter as verdadeiras amizades, mesmo que as vidas nos separem. É difícil conservar o mesmo grupo de amigos, desde a infância até à vida adulta, mas há pessoas que nos marcam para sempre e é necessário fazermos um esforço para mantermos essas amizades.
Amigos a sério há poucos, conhecidos há imensos... bués mesmo.


Xaux people!

quarta-feira, 12 de março de 2008

Um pensamento...


“Os difamadores, não tendo mãos para fazerem obra sua, têm línguas para caluniarem alheias…”

terça-feira, 11 de março de 2008

A Mesa dos Ricos

Se nos vissem sentados na nossa mesa de cozinha, feita à mão e toda arranhada, saberiam logo que não somos ricos.
Mas o meu pai está a tentar fazer-nos ver que somos.
Será que não vê os meus sapatos gastos? Ou que o meu irmãozinho tem remendos nas calças que leva para a escola?
E como explicará ele aquela carrinha a desfazer-se, estacionada à nossa porta?
─ Não consegues enganar-me ─ digo-lhe. ─ Somos pobres. Será que os ricos se sentariam a uma mesa como esta?
A minha mãe, como que acariciando a mesa, diz:
─ Bem, nós somos ricos e sentamo-nos aqui todos os dias.
Às vezes, penso que sou a única pessoa sensata na família. Diga-se de passagem que os meus pais fizeram esta mesa com madeira que outras pessoas deitaram fora. Até festejaram quando a terminaram.
Não me interpretem mal: eu gosto desta mesa. Só digo que se vê logo que não veio de uma loja de mobílias. Não tem ar de ser uma mesa à qual os ricos se sentariam.
Mas a minha mãe pensa que, se todos os governantes do mundo se sentassem em redor de uma amigável mesa de madeira na cozinha de alguém, resolveriam os seus diferendos em metade do tempo.
E o meu pai diz que não fazia mal se houvesse um lindo prato azul com muitos bolinhos empilhados, que todos pudessem tirar, mesmo sem ter de pedir.
Hoje, porém, trata-se da nossa cozinha, da nossa discussão, da nossa reunião familiar, dos nossos bolinhos de gengibre com especiarias, empilhados no melhor prato de flores azuis da minha mãe, colocado exactamente no centro da mesa.
Fui eu que convoquei a reunião, cujo tema é dinheiro; o meu ponto de vista é que não temos dinheiro que chegue.
Digo aos meus pais que devem ambos arranjar empregos melhores, para podermos comprar muitas coisas novas e boas. Digo-lhes que faço má figura na escola diante dos outros.
─ Não gosto de ter de falar disto, mas era bom que fossem ambos mais ambiciosos.
Ficam surpreendidos. Vê-se bem que nunca pensam nas coisas de que necessitamos.
Devo dizer desde já que os meus pais têm umas ideias estranhas acerca do trabalho.
Pensam que os únicos empregos que interessam são empregos ao ar livre. Querem ter rochedos, desfiladeiros, desertos ou montanhas em redor deles, onde quer que estejam a trabalhar. Até querem ver bem o céu.
Trabalham sempre juntos e a sua ocupação favorita é procurar ouro. Enfiam-nos naquela carripana e lá vamos nós em direcção às montanhas rochosas e desertas ou em direcção a alguma ravina estreita, onde todas as estradas se assemelham a trilhos de coiotes.
Adoram caminhar pelas amplas margens de rios agora secos, onde se podem encontrar pequenos salpicos de ouro. Costumavam dizer-nos que a carrinha sabia exactamente que tipos de estrada bater, e que os coiotes lhes indicavam onde procurar ouro, mas eu nunca acreditei neles.
Depois de passarem lá um mês ou dois, traziam sempre um pouco de minério para vender, mas vê-se bem que nunca enriqueceram. Pelo que me é dado ver, tratava-se apenas de um pretexto para acampar de novo num lugar selvagem e belo.
Não se importam de plantar campos de milho doce ou de alfalfa. Gostam de apanhar pimentão-de-cheiro, abóbora e tomate. Conseguem construir vedações fortes ou domar potros selvagens.
Mas dizem que não aguentam ficar engaiolados em casa.
Por isso, o meu pai pergunta:
─ Quantas pessoas há que sejam tão afortunadas como nós?
Mas como fui eu quem convocou esta reunião, respondo:
─ Aposto que fariam mais dinheiro se trabalhassem num escritório na cidade.
─ Lembra-te da nossa regra número um
─ insiste o meu pai.
─ Temos de poder ver o céu.
─ Podiam vê-lo através de uma janela
─ sugiro.
Mas eles nem querem ouvir falar disso.
Já percebem porque digo que sou o único membro sensato da família?
Finalmente, a minha mãe diz:
─ Está bem, Filha da Montanha. Vamos explicar-te como fazemos contas. Hoje, vais ser a nossa contabilista.
Distribui um lápis e uma folha de papel amarelo por cada um de nós, o meu irmão incluído, embora ele só finja que escreve enquanto nós escrevemos, ou desenhe pessoas a dançar no céu.
Já agora, o meu nome não é Filha da Montanha. Chamam-me assim porque nasci numa cabana na encosta de uma montanha, no Arizona, num Verão em que os meus pais tinham ido em busca de ouro.
Dizem que era um lugar mágico, a mais bela montanha que alguma vez escalaram. Talvez fosse, mas sabemos bem o quanto eles gostam de exagerar.
Como queriam que a primeira coisa que eu visse fosse aquela encosta, quando tinha apenas oito minutos de vida levaram-me a ver o nascer-do-sol.
A verdade é que ainda gosto muito do nascer-do-sol.
Quanto ao meu irmão, chamam-lhe Filho do Oceano. Como eu tinha tido a melhor montanha como primeira paisagem da minha vida, acharam que deviam encontrar o oceano mais belo para quando ele nascesse. Penso que percorreram o México todo para encontrar um lugar onde o oceano e a selva se encontrassem. Queriam que o céu estrelado fosse azul-púrpura e que as ondas do mar fossem da cor verde que eles preferem.
Ergueram-no bem alto, para que aquelas ondas fossem a primeira paisagem da sua vida.
Havemos de voltar um dia àquele oceano verde e à minha montanha alta. Por ora (embora os meus pais digam que são ricos), não há dinheiro para irmos a lado algum.
Por isso, não admira que eu tenha tido de convocar esta reunião.
Acreditam que o meu pai me olha bem nos olhos e me diz:
─ Mas, Filha da Montanha, eu estava persuadido de que sabias o quanto somos ricos.
Respondo-lhe:
─ Esta conversa só vai resultar se admitirmos que somos pobres.
O meu pai continua:
─ Vou provar-te agora mesmo o que disse. Façamos uma lista do dinheiro que ganhamos por ano.
─ Quanto é?
─ pergunto. ─ Preciso de anotar.
─ Calma aí
─ adverte o meu pai. ─ Temos de pensar em montes de coisas antes de somarmos tudo.
─ Que coisas?
A minha mãe contribui:
─ Sabes que não recebemos o nosso salário apenas em papel-moeda. Temos um plano especial que nos permite ser pagos em pôres-do-sol, em tempo para escalar desfiladeiros e procurar ninhos de águia.
Não desarmo:
─ Não podem dar-me uma quantia só para que eu possa anotar?
Começamos com vinte mil dólares.
É quanto o meu pai diz que vale poder trabalhar ao ar livre, ver o sol durante todo o dia, sentir o vento e cheirar a chuva, uma hora antes de ela cair realmente.
Diz que é quanto vale estar num sítio onde pode cantar alto quando lhe apetece, sem incomodar ninguém.
Mal escrevo vinte mil, a minha mãe acrescenta:
─ É melhor escreveres trinta mil, porque poder ouvir coiotes a uivar nas colinas vale, pelo menos, mais dez mil dólares.
Escrevo trinta mil.
A mãe lembra-se de que também gostam de viagens longas e de montanhas distantes que mudam de cor dez vezes ao dia.
─ Para mim, isso vale mais cinco mil dólares.
O que não me surpreende, já que a minha mãe afirma ser uma especialista em sombras de montanha no deserto. Diz que consegue saber as horas pela forma como as cores das sombras variam do nascer ao pôr-do-sol.
Apago o que escrevi antes e escrevo trinta e cinco mil dólares.
O meu pai lembra-se, então, de outra coisa.
─ Quando um cacto floresce, temos de lá estar porque podemos não voltar a ver aquela cor em mais dia algum da nossa vida. Quanto pensas que vale essa cor?
─ Cinquenta cêntimos?
─ pergunta o meu irmão.
Decidem-se por acrescentar cinco mil à lista.
Já vamos em quarenta mil dólares.
Mas eu tinha-me esquecido do quanto o meu pai gosta de imitar os sons dos pássaros. Consegue imitar qualquer um, mas a sua melhor imitação são as pombas de asas brancas, os corvos, os falcões de cauda ruiva e as codornizes. Também é bom a imitar águias e corujas de grandes bicos. Por isso, lá temos nós de acrescentar mais dez mil por termos a sorte de conviver com aves diurnas e nocturnas.
Risco a soma que tinha escrito e assento cinquenta mil dólares.
─ Agora vejamos quanto vale a nossa Filha da Montanha.
Decido entrar no jogo e sugiro que valho dez mil dólares, embora o meu irmão tenha começado a rir-se.
─ Não te subestimes ─ diz o meu pai. ─ Lembra-te daquelas listas fabulosas que nos fazes.
Tem razão. Faço listas dos melhores livros que cada um de nós leu, e dos que cada um de nós quer ler de novo. Também fiz uma lista de todos os animais que cada um de nós viu e daqueles que mais queremos ver ─ ao ar livre, não num jardim zoológico.
O animal que eu mais gostava de ver é o leão da montanha. Já sonhei com ele quatro vezes e também já lhe vi o rasto. O meu pai escolheu o urso-pardo da América. A minha mãe quer ver um lobo e ouvi-lo uivar. O meu irmão hesita entre um golfinho e uma baleia. Lembro-me de todos porque sou eu que faço as listas.
Acabam por achar que valho um milhão de dólares.
Protesto, mas anoto a soma.
Acabamos por decidir que cada um de nós vale um milhão de dólares.
A soma de toda a nossa riqueza totaliza agora quatro milhões e quinhentos mil dólares.
Dou-me conta de que quero adicionar cinco mil dólares pelo prazer que me causa vaguear pelo campo, sozinha, livre com um lagarto, sem ter de seguir trilhos, sem ter um plano, apenas pelo prazer de andar ao sabor do vento.
A minha família acha que isso vale cinco mil.
O que totaliza quatro milhões e cinquenta e cinco mil dólares.
Por fim, o meu irmão quer ainda juntar sete dólares por todas as noites em que adormecemos ao ar livre, sob as estrelas.
Pensamos que sete dólares são insuficientes e convencemo-lo a arredondar para cinco mil.
A minha folha regista agora quatro milhões e sessenta mil dólares ─ e ainda nem sequer começámos a contar o nosso dinheiro em papel-moeda.
Para ser franca, esse tipo de riqueza já não conta muito neste momento.
Sugiro que nem faça parte da nossa lista de riquezas.
E, assim, a reunião chega ao fim.
A família foi até lá fora ver o novo quarto de lua. Mas eu fiquei sentada à nossa querida mesa feita à mão, sobre a qual o prato de flores azuis da minha mãe conserva ainda um bolinho, e escrevo este livro sobre nós. Acaricio a mesa e fico contente por a termos.
Acho que o título deste livro vai ser A Mesa dos Ricos.
Byrd Baylor
The Table Where Rich People Sit
New York, Aladdin Paperbacks, 1998


segunda-feira, 10 de março de 2008

Capítulo II - Filipe, o herói...




O ano lectivo caminhava rapidamente para o seu epílogo. O tempo já era de Verão… tardes de calor, o mar ao longe azulinho e bem atractivo… hummmm, “Era tão bom já estarmos de férias”, pensava Filipe, a caminho da escola, após um belo almoço de peixe assado!
Quando se aproximava da escola encontrou uma miúda a correr e aos gritos… parecia uma doida! Atrás dela ia um indivíduo com muito mau aspecto. Socorro!!! Este doido quer roubar-me!!! Gritava a miúda, que por sinal até era bem gira.
Filipe avaliou bem o tamanho do bandido e resolveu intervir e salvar a miúda daquela situação aflitiva. A miúda ia de tal forma em pânico que nem sequer reparou no Filipe. O larápio também não... o que foi uma vantagem para o Filipe. Quando passou por ele, Filipe estendeu o pé e deu-lhe tamanha rasteira, que o indivíduo aterrou de cara no asfalto! Direitinho... aterrou e ali ficou estendido, desmaiado. Filipe não sabia bem o que fazer pois tinha receio de que existissem cúmplices na zona. Assim, correu a toda a velocidade para a escola, sem sequer falar com a “dama”... Que pena, pensava ele. Quando chegou à escola foi prontamente ao Conselho Executivo, relatou o que se tinha passado e foram tomadas as medidas adequadas, chamando a G.N.R.
Filipe ficara com a sensação de dever cumprido, mas faltava-lhe qualquer coisa... falar com a rapariga. A partir daquele momento aquela miúda passara a ser a Princesa do Filipe e por incrível que pareça nunca mais a encontrou. Trinca Espinhas que já estava a par do que se tinha passado dizia ao Filipe que ele tinha sonhado e que aquela rapariga tão linda não existia. Trinca Espinhas no fundo aproveitava-se da situação para gozar com Filipe.
El Gordito também não queria saber da triste situação de Filipe. A ele interessava muito mais os Hambúrgueres do que propriamente as miúdas... contudo, resolveu ajudar Filipe a encontrar a sua princesa, mas em troca de um “lanchinho” no Mc Donnalds... tipo um Super Mega Menu!!! Raquel e Rita também entraram nessa “caçada” à princesa do Filipe.
No fim-de-semana o grupo de amigos resolveu ir ao cinema. Iam ver um filme cómico do Mister Potato. O cinema, como todos os fins-de-semana, estava cheio, ao rubro! O filme era mesmo engraçado e a boa disposição era mais que muita. No intervalo, Filipe e El Gordito foram ao bar comer qualquer coisa. El Gordito tinha mesmo muitas dificuldades para aguentar muito tempo sem comer e para ele quinze minutos já era uma eternidade!!!
Quando estavam no bar, Filipe teve uma visão... era ela! A sua princesa! Mas... o que era aquilo? Quem era aquele bacano que estava com ela? Tão agarradinho? Aos beijos? Epa! Que desilusão... parecia que o Mundo ia acabar ali mesmo... Filipe queria desaparecer... que sensação era aquela que ele estava a ter? Estranha... desagradável... horrível!!! Bolas andei tanto tempo a pensar nesta miúda e... porquê? Que mal fiz eu? El Gordito estava tão entretido com o seu Cachorrão que nem sequer se apercebeu que Filipe tinha mudado de cor, pelo menos 5 vezes e que realmente não estava nada com bom aspecto... De lágrimas nos olhos e bem enfurecido Filipe e o amigo voltaram para a sala ver o resto do filme.
Aquele filme que tinha tido uma primeira parte fantástica e bem-humorada perdeu toda a piada... pelo menos para o Filipe...


O Galo e a Pedra Preciosa


sábado, 8 de março de 2008

Fabricado em... Portugal!

No dia em que a Porsche anunciou ter recebido luz verde para controlar a Volkswagen, foi apresentado o novo desportivo topo de gama da VW fabricado na AutoEuropa...
Mais em...


Terra do Sol

Consulte, comente e divulgue pelos seus contactos!!!

sexta-feira, 7 de março de 2008

O que ainda se pode fazer

Há muitos milhares de anos atrás, o Laaerberg, um pequeno monte na cidade de Viena, estava coberto por floresta virgem. Nela viviam o mamute e o rinoceronte sem corno. O mamute extinguiu-se, o rinoceronte emigrou para sul mas a floresta virgem ficou. Ficou assim por muitos milhares de anos, até que, há poucos séculos, os homens decidiram arrancá-la.
Como o solo deixara de ser protegido pelas árvores, o sol queimava-o. Como consequência, a terra secou e ficou reduzida a pó. O vento, quando soprava, arrastava para longe esse pó que fora terra fértil na altura em que a vegetação a protegera. Uma estepe estendia-se agora na área que tinha sido outrora uma grande floresta. Erva insuficiente segurava com as fracas raízes uma fina camada de húmus onde, apenas alguns centímetros mais fundo, estava já o "esqueleto" e as "entranhas" do Laaerberg: cascalho e lama infértil.
O clima da zona (o "microclima") também se adaptara ao novo e horrível aspecto do Laaerberg. A antiga floresta de carvalhos tornava o ar mais fresco e fazia com que houvesse mais humidade no ar, por isso chovia mais. Agora, sem árvores, o Verão era muito quente e seco, e a chuva, de que as plantas tanto precisavam, caía muito mais esporadicamente do que antes.
No início dos anos 50, a município decidiu que a antiga floresta devia renascer tão bonita como fora dantes. Em 1953 e 1954 a administração das florestas plantou árvores pequeninas, mas a terra húmida da floresta há muito que se tinha tornado numa estepe completamente seca. As raízes não tinham humidade e o sol queimava as pontas frágeis. Assim não iam conseguir.
Para tornarem a nascer árvores, o solo precisava de mais água, de mais nutrientes e de mais protecção contra o sol intenso e escaldante do Verão. A administração das florestas construiu um sistema de rega e transportou terra boa, húmus, para o Laaerberg. Quando ficou pronto plantaram... não, desta vez não foram ainda plantados carvalhos.
Primeiro, plantaram arbustos para impedir o solo de secar e que ao mesmo tempo seguravam as encostas dos lagos. Foram várias espécies de espinheiros e outras plantas que cresciam espontaneamente em zonas como aquela. Nas encostas também se plantaram espinheiros e arbustos com picos para impedirem as pessoas de descer pelas colinas, o que poderia danificá-las.
De seguida, os funcionários da administração das florestas plantaram freixos de crescimento rápido que não só davam sombra, como também protegiam do vento. E depois esperaram. Cuidaram da nova plantação até os arbustos se tornarem fortes e espessos e os freixos se tornarem suficientemente grandes. Isto durou muitos anos. Finalmente chegou a altura de plantar as primeiras árvores espontâneas daquela zona. Carvalhos e áceres, freixos e pinheiros bravos. Desta vez, as arvorezinhas desenvolveram-se e quando deixaram de precisar do suporte dos freixos, que nunca antes tinham nascido no local, estes foram arrancados.
Os guardas florestais plantaram cerca de 270.000 plantas florestais e trabalharam durante cerca de 25 anos para devolverem ao Laaerberg o seu antigo aspecto. A Natureza, uma vez desertificada e danificada, não é assim tão fácil de restabelecer. Mas agora cá está a nova floresta, como se nunca tivesse sido diferente.
A propósito, será que o Laaerberg é natural? Claro! Mas também é artificial, naturalmente...


Ernst Epler
Lene Mayer-Skumanz (org.)
Hoffentlich bald
Wien, Herder Verlag, 1986
Texto traduzido e adaptado

8 de Março - Dia da Mulher



Dia 8 de Março - Dia da Mulher

Árabe ensina jovens a bater em mulheres

Um homem, natural da Arábia Saudita, chegou à conclusão de que «os homens batem nas mulheres com mais frequência que as mulheres nos homens», e desenvolveu o assunto na televisão Mohamed Al Arifi estava numa estação do Líbano, e ensinava os jovens a «educar uma mulher
Ainda assim, alertou que a violência só deve ser usada em último recurso e «em lugares onde não cause nenhum dano», uma vez que a violência conjugal serve sobretudo para «disciplinar», de forma a mostrar à mulher «que ela foi demasiado longe».
Por isso, esclareceu desde logo algumas regras: «Bater na cara é proibido. A pancada deve ser suave e nunca no rosto». «Às vezes, as mulheres usam as suas lágrimas para disciplinar os seus maridos. Por seu turno, os homens podem utilizar a violência física como forma de controlar as intenções delas», argumentou o saudita.


In SOL


Em pleno século XXI assistimos ainda a situações de grande violência e desigualdade com as mulheres. Por isso nunca é demais recordar que a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres deve ser uma realidade.


Porquê o dia 8 de Março?


Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas.
Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". De então para cá o movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma, tanto em Portugal como no resto do mundo.

O que se pretende com a celebração deste dia?

Pretende-se chamar a atenção para o papel e a dignidade da mulher e levar a uma tomada de consciência do valor da pessoa, perceber o seu papel na sociedade, contestar e rever preconceitos e limitações que vêm sendo impostos à mulher.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Uma história do Pefi


Uma história do Pefi


Pefi era um menino complicado. Um puto que denotava em todos os seus comportamentos algo “diferente”. Na escola era uma complicação. Pefi não gostava da escola e a escola não gostava dele. A inadaptação era óbvia. Os professores não sabiam como lidar com ele e ele também não colaborava para melhorar as coisas. Era natural. Pefi tinha um percurso de vida extremamente sinuoso. Família desajustada, pai alcoólico, mãe desaparecida, avós demasiado cansados para cuidar de seis netos. Pefi não podia ser outra coisa senão um revoltado com tudo o que a vida lhe havia reservado. As privações eram muitas. Dinheiro não havia. Festas muito menos e comida não abundava. Mais importante do que isso era a falta de afectos e atenção. Auto estima abaixo de zero. O caminho mais fácil de seguir era o da criminalidade. Bem cedo procurou essa estrada. Ainda imberbe habituou-se a desenrascar-se, a roubar comida nos supermercados, a ficar com algumas carteiras e telemóveis de certos tipos distraídos. Um dia as coisas correram mal e Pefi foi obrigado a passar umas “férias” num reformatório. Dias difíceis, mas onde aprendeu muita coisa. Aprendeu por exemplo que não podia confiar em ninguém senão nele próprio. Aprendeu que o seu futuro estava nas suas mãos e que ninguém o podia ajudar.
Pefi um dia saiu do reformatório e voltou à realidade do seu lar, onde os problemas nunca haviam terminado. Tudo continuava igual. Teve de ir trabalhar ainda menor de idade. Trabalho duro, como servente de pedreiro, ou melhor ajudante de servente de pedreiro... Ele que jurara que nunca mais voltaria à escola, um dia viu-se confrontado com uma proposta para frequentar um curso novo, um curso diferente, com professores diferentes e numa escola diferente. Pelo menos foi aquilo que lhe venderam… Pefi a muito custo aceitou regressar à escola e frequentar o tal curso. Era um novo trajecto de 3 anos. O primeiro muito difícil. Era o da transição e adaptação a uma nova realidade. Os últimos dois foram melhores, bem melhores. A turma também não era fácil. Todos os alunos tinham historiais de vida semelhantes. Uma vida de negação, tristeza e revolta. Para os professores as coisas também não foram simples passando também por um período de ajustamento ao tipo de alunos que tinham pela frente. Pefi apercebeu-se ao longo do curso que os professores tiveram de adoptar novas metodologias e que começaram a apostar fortemente no desenvolvimento dos afectos, no incremento da auto-estima dos alunos e nos comportamentos. Incidir as práticas pedagógicas apenas nos conteúdos com este tipo de alunos seria afastá-los definitivamente da escola e não é esse o objectivo do curso, pensava Pefi.
Pefi adorava estar na presença dos seus professores, quer nas actividades dentro da escola, quer nas actividades fora da escola, nas visitas de estudo e noutros trabalhos de campo realizados. O problema é que o resto da comunidade não encarava as coisas da mesma forma. Havia quem achasse que a turma de Pefi já não deveria frequentar a escola e que até os seus professores não desempenhavam bem as suas funções porque não davam as aulas da forma “clássica”. Pefi achava tudo isto muito estranho…
O grande problema é que a escola do inicio século XXI é bem diferente da escola do final do século XX. A escola também reflecte os tempos que vivemos. A escola reflecte a nossa sociedade, uma sociedade cada vez mais materialista em que os valores mais humanistas não são valorizados e em que as diferenças económicas são cada vez maiores. São cada vez mais aqueles que vivem mal, que vivem muito precariamente. As assimetrias são cada vez maiores. Culturalmente a realidade também é diferente. São construídos cada vez mais “guetos” que apenas contribuem para uma maior exclusão.
Pefi e os seus colegas também se sentiam excluídos. Excluídos por todos aqueles que os criticavam, mas que nunca se haviam preocupado com eles. Mas tinham um consolo. Finalmente alguém lhes deu a mão e tratou-os como pessoas, lutou para que eles se sentissem cada vez mais incluídos no contexto escolar, procurando, dentro das circunstâncias inerentes aos seus percursos, prepará-los para o futuro, para a inserção numa sociedade cada vez mais complexa e tantas vezes ingrata.






terça-feira, 4 de março de 2008

CPCJ de Tavira e a Escola...


Na sequência da constatação da existência de alguma falta de informação sobre a acção da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens e partindo do princípio que o blog de uma biblioteca tem de ter um carácter pedagógico, aproveito este espaço para suprir essa lacuna e explicar também quais as funções dos professores nas comissões.
O que é a CPCJ?
A CPCJ é uma entidade oficial não judiciária com autonomia funcional que visa promover os direitos das crianças e dos jovens, prevenindo ou pondo termo a situações susceptíveis de afectar a sua segurança, saúde, formação, educação ou desenvolvimento integral.
Exemplos: Abandono; Maus-tratos físicos, psíquicos ou sexuais; Realização de trabalhos excessivos ou inadequados à idade; Comportamentos que afectam a sua saúde física e psíquica, bem como a segurança, formação e desenvolvimento.
Como funciona a CPCJ?
• Modalidade Restrita → Tem como objectivo intervir nas situações identificadas como de perigo para a criança ou jovem, procedendo ao respectivo diagnóstico e instrução do processo, decisão, acompanhamento e revisão da (s) medida (s) de promoção e protecção.
• Modalidade Alargada → Organizada por grupos de trabalho dirigidos a temáticas/acções específicas no âmbito de três grandes áreas: Articulação/activação das redes de parcerias; Sensibilização da comunidade para os direitos da criança e para o trabalho da CPCJ; Prevenção Primária.
Na Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Tavira temos dois grupos de trabalho: o grupo da prevenção “Prevenir para não intervir” e um grupo da divulgação, que tem como função propagar as actividades do primeiro.


Qual o papel dos professores nas comissões?

Na Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Tavira existem dois professores indigitados pelo Ministério de Educação. Um professor representante do Ministério da Educação e o Professor Tutor. Ambos fazem parte da Comissão Restrita embora apenas o representante do Ministério da Educação possa gerir processos. O professor tutor exerce mais um papel de mediador entre a escola e a comissão, colaborando com todos os professores que assim o desejarem para procurar resolver casos problemáticos que possam ou não ser sinalizados. Neste momento o Professor Tutor faz o acompanhamento na nossa escola de alguns alunos. Para além disso, o Professor Tutor coordena também o Grupo da Prevenção, sendo responsável pela sua dinamização.
Um dos grandes objectivos do Professor Tutor é criar um Gabinete de Apoio ao Aluno e à Família, espaço que no seu entender, será fundamental para a tentativa de resolução dos muitos casos problemáticos da nossa escola.


Para terminar cita-se a legislação:

Lei n.º 147/99 de 1 de Setembro, Artigo 25º, ponto 2 → As funções dos membros da comissão de protecção, no âmbito da competência desta, têm carácter prioritário relativamente às que exercem nos respectivos serviços.

O Professor Tutor da CPCJ de Tavira
Luís Miguel Guerreiro Romão