As harpas que usam chaves manipuladas pelas mãos, no mundo inteiro foram chamadas por muito tempo de harpas Celtas ou Célticas. Hoje, poucos países adotam estes nomes, pois que a denominação dá uma impressão errônea de que o estilo de toda harpa Celta ou Céltica seria provindo do povo Celta. Existem sim, harpas específicas do estilo Celta, mas a denominação começou a ser usada de forma generalizada não para indicar a harpa do estilo de um povo ou tradição, mas para indicar toda harpa de pequeno a medio porte cuja mecânica para obter os semitons fosse através de chavinhas (ou alavancas); muitas fogem ao estilo Celta. Por este motivo, nos EUA a denominação de Non Pedal Harp (harpa sem pedais) começou a ser usada, mas foi duramente criticada pelos profissionais deste instrumento que achavam que o nome dava uma falsa impressão de inferioridade ao instrumento pela falta de pedais. Nomes como Pedal Free (Harpa livres de pedais) vieram em resposta para demonstrar a insatisfação quanto a denominação escolhida; do lado dos profissionais das harpas de pedais, apareceram nomes como Diet Harp (irônicamente às harpas sem pedais que se denominavam “Pedal Free”).
A nomenclatura criou um briga feia entre os profissionais dos dois estilos de harpa. Lembro-me, enquanto trabalhava na loja de harpas Vanderbilt Music, nos EUA, recebermos ameaças furiosas dos harpistas “celtas” para que tirássemos do catálogo da loja o nome Non Pedal Harp. A explicação para aquele tipo de nomenclatura, no entanto, nos parecia clara, seria toda harpa que não tivesse pedais, portanto incluiria aquelas harpas que não tivessem também as chavinhas. Mas, a pressão foi criando um ar de inimizade entre os grupos, e para apaziguar, entraram em um consenso quanto a denominação deste tipo de harpa nos EUA prevalecendo o nome de Lever Harp (Harpa de chavinhas), não sendo agressivo a nenhuma das partes.
No Brasil, os nomes de Harpa Celta, Céltica, Troubadour, ainda prevalecem em muitos estados, não existindo uma nomenclatura generalizada aceita entre os profissionais. Para as harpas estritamente provindas da cultura Celta, o certo é chamá-las de Célticas de acordo com o Linguista Cesar Nardelli Cambraia, já que essas harpas são feitas, por alguém que não é celta, mas tomando como modelo aquelas feitas por algum celta. A denominação Celta seria para aquelas originalmente feitas pelos Celtas.
O nome mais antigo e tradicionalmente adquirido no nosso país (harpa Celta) me parece mais uma homenagem ao povo celta do que um nome ligado ao estilo dos instrumentos provindos da cultura celta, portanto não me parece menos correto quanto o termo céltica.
Quando falamos de harpa Celta, queremos dizer: aquelas harpas que são de pequeno a médio porte, possuem chavinhas manipuladas pelas mãos para realizar os semitons e possuem apenas uma fileira de cordas. A infinidade de modelos que se enquadram a este estilo é muito grande.
Seria necessário mudar a nomenclatura para que um nome não gere confusão ao leigo como foi feito nos EUA?
Seria necessário uma unificação no termo para que todos os profissionais usem o mesmo, ou talvez possamos continuar a usar o termo diferentemente em cada região, como a mandioca que também se chama aipim e macaxeira.
Jessica Malvar
Nº8
7ºD
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