Santo António de Lisboa,
internacionalmente conhecido como Santo António de Pádua, OFM (Lisboa, 15 de
Agosto de 1191-1195? - Pádua, 13 de Junho de 1231), de seu nome de baptismo
Fernando de Bulhões, foi um Doutor da Igreja que viveu na viragem dos séculos XII
e XIII, em plena Idade Média.
Santo António, de seu nome Fernando,
filho de Martim de Bulhões(?) e Maria Teresa Taveira Azevedo, nasceu em Lisboa
entre 1191 e 1195, (aceita-se oficialmente a data de 15 de Agosto de 1195),
numa casa próxima da Sé de Lisboa, às portas da cidade, no local, assim se
pensa, onde posteriormente se ergueu a igreja sob sua invocação.
Fez os primeiros estudos na Igreja de
Santa Maria Maior (hoje Sé de Lisboa), ingressando mais tarde, por volta de
1210 ou 1211, como noviço, na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho,
no Mosteiro de São Vicente de Fora, guiado pela mão do então prior D. Estêvão.
Primeiramente foi frade agostiniano, tendo ingressado como noviço (1210) no
Convento de São Vicente de Fora, em Lisboa, tendo posteriormente ido para o
Convento de Santa Cruz, em Coimbra, onde fez os seus estudos de Direito.
Permaneceu em São Vicente de Fora por
três anos, tendo com 18 ou 19 anos entrado no Mosteiro de Santa Cruz de
Coimbra, ao tempo um importante centro de cultura medieval e eclesiástica da
Europa, onde realizou os estudos em Direito Canónico, Filosofia e Teologia.
O martírio de cinco franciscanos,
decapitados em Marrocos, e a vinda dos seus restos mortais em 1220 para Coimbra
fizeram Fernando abraçar o espírito de evangelização e trocar a Regra de Santo
Agostinho pela Ordem de São Francisco, recolhendo-se no Eremitério dos Olivais
de Coimbra e mudando então o nome para António.
Tornou-se franciscano em 1220 e viajou
muito, vivendo inicialmente em Portugal, depois em Itália e em França. No ano
de 1221 passou a fazer parte do Capítulo Geral da Ordem de Assis, a convite do
próprio Francisco, o fundador. Foi professor de Teologia e grande pregador. Foi
convidado por São Francisco para pregar contra os Albigenses em França.
Foi transferido depois para Bolonha e de
seguida para Pádua, onde, bastante doente, faleceu a 13 de Junho de 1231 no
Oratório de Arcela, com 36 (ou 40) anos. Os seus restos mortais repousam na
Basílica de Pádua, construída em sua memória.
Foi canonizado pelo Papa Gregório IX, na
catedral de Espoleto, em Itália, em 30 de Maio de 1232, no processo de
canonização mais rápido de sempre da Igreja Católica.
Foi proclamado doutor da Igreja pelo
papa Pio XII, em 1946, que o considera «exímio teólogo e insigne mestre em
matérias de ascética e mística».
A sua representação iconográfica mais
frequente é a de um jovem tonsurado envergando o traje dos frades menores
(franciscanos), segurando o Menino Jesus sobre um livro e tendo uma cruz, ou um
ramo de açucenas, na outra mão. Esses atributos podem ser substituídos por um
saco de pão, embora geralmente a figura do menino Jesus (nu ou vestido, de pé
ou sentado, interagindo ou não com o santo) mantenha-se na outra mão.
Santo António de Lisboa é considerado
por muitos católicos um grande taumaturgo, sendo-lhe atribuído um notável
número de milagres, desde os primeiros tempos após a sua morte até aos dias de
hoje.
Muitos escritos são atribuídos a Santo
António, na sua maioria apócrifos. Segundo os estudiosos, os Sermões Dominicais
e Festivos são a única obra autêntica escrita pelo punho de Frei António, com a
marca da sua personalidade e espiritualidade.
Protector dos noivos, é tradição em
Lisboa realizar-se um casamento coletivo, no dia 13 de Junho, na sua igreja,
junto à Sé de Lisboa.
Situados perto da Sé Patriarcal de
Lisboa, a Igreja e Museu Antoniano em Lisboa são o centro da devoção ao santo
lisboeta, em especial no dia que lhe é dedicado, 13 de Junho.
O Museu Antoniano é um museu monográfico
dedicado à vida e veneração do santo, exibindo, em exposição permanente,
objectos litúrgicos, gravuras, pinturas, cerâmicas e objectos de devoção que
evocam a vida e o culto ao santo.
O Museu fica anexo à Igreja, local onde,
de acordo com a tradição, nasceu o santo. Em conjunto, esses dois espaços
constituem um dos mais importantes locais de homenagem ao mesmo.
No ano de 1995 comemorou-se o 800.º
aniversário do seu nascimento, com grandes celebrações por toda a cidade de
Lisboa.
Em Portugal, Santo António é muito
venerado na cidade de Lisboa e o seu dia, 13 de Junho, é feriado municipal.
As festas em honra de Santo António
começam logo na noite do dia 12. Todos os anos a cidade organiza as marchas
populares, grande desfile alegórico que desce a Avenida da Liberdade (principal
artéria da cidade), no qual competem os diferentes bairros.
Um grande fogo de artifício costuma
encerrar o desfile. Os rapazes compram um manjerico (planta aromática) num
pequeno vaso, para oferecer às namoradas, as quais trazem bandeirinhas com uma
quadra popular, por vezes brejeira ou jocosa. A festa dura toda a noite e, um
pouco por toda a cidade, há arraiais populares, locais de animação engalanados
onde se comem sardinhas assadas na brasa, febras de porco (fêveras), caldo
verde (uma sopa feita com couve tipo mineira, cortada aos fiapos, o que lhe
confere uma cor esverdeada) e se bebe vinho tinto. Ouve-se música e dança-se
até de madrugada, sobretudo no antigo e muito típico Bairro de Alfama.
Santo António é o santo casamenteiro,
por isso a Câmara Municipal de Lisboa costuma organizar, na Sé Patriarcal de
Lisboa, o casamento de jovens noivos de origem modesta, todos os anos no dia 13
de Junho. São conhecidos por 'noivos de Santo António', recebem ofertas do
município e também de diversas empresas, como forma de auxiliar a nova família.
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