D. Paio Peres Correia, em Espanha conhecido por
Pelayo Pérez Correa (século XIII) foi Mestre da Ordem de Santiago, tendo
conduzido uma campanha militar contra os mouros no Algarve, que culminou com a
tomada de Silves e foi determinante para a conquista definitiva daquela região
em 1249.
Biografia
D. Paio Peres Correia terá nascido no ano de 1205,
em Monte de Fralães (Barcelos), onde ficava a tradicional casa desta nobre
família. As Inquirições assinalam a presença dos seus irmãos, de uma irmã e de
outros parentes em freguesias da vizinhança.
No reinado de D. Sancho II, encontramo-lo em
Alcácer do Sal; a partir de 1228 vai ter como primeiro palco da sua acção o
Alentejo, conquistando Aljustrel, Alvalade, Juromenha, Beja e Mértola, descendo
depois até ao Algarve, conquistando Alcoutim, Vaqueiros, Ayamonte, Cacela e
Tavira. De acordo ocm a Crónica da Conquista do Algarve, Tavira foi conquistada
aos mouros, em Junho de 1239, por Dom Paio Peres Correia, como represália pela
morte de sete dos seus cavaleiros.
Em 1242, torna-se, em Mérida, o 17º Grão-Mestre da
Cavalaria de S. Tiago e passou então a estar ao serviço de Fernando III de Leão
e Castela e de seu filho, o futuro Afonso X de Leão e Castela, vivendo
naturalmente no reino de Castela.
Terá passado algum tempo no Seixal, onde fundou a
aldeia com o seu nome: Aldeia de Paio Pires.
Alguns anos adiante, voltou ao Algarve, no reinado
de D. Afonso III de Portugal, e trouxe para a posse cristã a parte restante do
Algarve. Um dos pontos altos da sua acção militar aconteceu na tomada de
Sevilha, onde teve uma acção de grande relevo, como a testemunha, por exemplo,
a Crónica Geral de Espanha de 1344.
Falecido em 1275 em Talavera de la Reina, os seus
restos mortais foram levados no século XVI para Tentudia. É improvável que
alguma vez tenham sido trasladados para Tavira, para a Igreja de Santa Maria do
Castelo.
Referências
a Paio Peres
A Crónica Geral de Espanha de 1344 narra o conselho
em que Fernando III decide a estratégia a adoptar para submeter a cidade de
Sevilha - e que foi a que Paio Peres Correia defendeu:
"E a
esto cada huu dava sua divisa, segundo seu entender. Mas o meestre dom Paae
Correa e outros boos cavaleiros e muy sabedores de guerra disseron a el rey que
fosse cercar Sevilha e que, se a cobrasse, que per ella cobrarya todo o al e
que seria mais sen trabalho e con mais pequena custa e sem muyta lazeira
d’alguus. Mas esto contradisseron outros, dizendo que Sevilha era logar grande
e muy pobrado e que non seria muy ligeiro de cercar mas pero se el rey tal
cousa quisesse cometer, que primeiro compria correr e estragar a terra per
alguas vezes e, depois que a bem quebrantada tevessem e os mouros bem
apremados, que entõ seria bem de a hir cercar. Mas o meestre dõ Paae Correa e
os outros que primeiro conselharon o cerco de Sevilha disserõ a el rey que o
tempo que posesse em corrimentos e fazer cavalgadas e cercar outros pequenos
logares que melhor era de o poer sobre Sevilha e que, tomandoa, cobrava todo o
al e que, por esta razon, melhor era de acabar todo per huu afam e per huu
tempo que por muytos. E demais que poderia seer, se lhes dessem tal vagar, que
elles se avisariã de guisa que seria depois muy forte cousa de começar e que
por esto melhor seria de começar esto cedo que tarde. E, ditas estas palavras e
outras muytas, acordousse el rey con todolos outros en este cõselho."
E agora este passo, que fala das façanhas de Paio
Peres Correia e dos seus homens:
"(...)
o meestre dom Paae Correa e os outros ricos homees que com el estavon da outra
parte do ryo, segundo ja ouvistes, cavalgarom sobre Golles e cõbaterõna e
entrarõna per força e mataron todollos mouros que dentro acharom e levarõ muy
grande algo que hy acharom. E, em se tornando per Tyriana, sayiu a elles gram
cavalarya de mouros e muitos peõoes com elles e ouverõ com elles gram batalha.
E foron os mouros vencidos e mortos muytos delles e os cristãaos tornarõsse muy
hõrados pera seu arreal."
Uma enciclopédia espanhola refere-se a Paio Peres
Correia nestes termos:
"Fantasías aparte, es innegable que su
nombradía se asienta en una vida militar llena de gloriosos hechos, como lo
demuestra el que se le confiase el mando de el ejército español en aquel
período verdaderamente heroico de la Reconquista. Fue Gran Maestre de la Orden
de Santiago y tanto los monarcas portugueses como los castellanos, se
disputaran el honor de tenerle à su servicio."
Luís Vaz de Camões recorda-o em duas estrofes d'Os
Lusíadas (canto VIII, estrofes 26-27), Almeida Garrett baseou a D. Branca nos
seus feitos algarvios enquanto que Lope de Vega escreveu sobre ele em El Sol
Parado. No Cancioneiro da Biblioteca Nacional existe uma cantiga que o critica.
Herança ao nível de arruamentos e localidades
D. Paio Peres Correia é lembrado na toponímia de
várias cidades e vilas como: Lisboa, Setúbal, Silves, Tavira, Sevilha (bairro
de Triana), Samora Correia, entre outras. Setúbal, por exemplo, recebeu
foral em Março de 1249, concedido pela Ordem de Santiago, senhora desta
região, e subscrito por D. Paio Peres Correia, Mestre da Ordem de Santiago, e
por Gonçalo Peres, comendador de Mértola. A terra de Paio Pires (Seixal)
deve-lhe também o seu nome, assim como Samora Correia (Santarém), havendo ainda
uma rua e uma estátua em homenagem ao seu fundador.
Fonte e mais informação
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