O autor “não é uma criatura neutra e muito menos independente ou imparcial”, sustenta o escritor Armando Baptista-Bastos numa mensagem alusiva ao Dia do Autor Português que a Sociedade Portuguesa de Autores comemorou ontem.
“Escrever, criar, sonhar, são sempre lugares de encontro e de procura do outro. Interpelar é tomar partido da compreensão, para se refazer o caminho”, sublinhou o escritor, convidado pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) a elaborar a mensagem deste ano.
Criado em 1982 por iniciativa do maestro Nóbrega e Sousa, membro da direcção da entidade, o Dia do Autor Português é comemorado anualmente a 22 de Maio com diversas manifestações culturais promovidas pela SPA, cooperativa que gere os direitos dos autores portugueses de todas as disciplinas literárias e artísticas. “Responsáveis pelas nossas palavras, poderemos vir a ser culpados de as utilizar sem a autoridade moral e a nobreza por elas exigidas. Com o tempo e com a prática, aprendemos que as coisas insignificantes devem ser tratadas com a maior seriedade”, salienta Baptista-Bastos no texto, ao qual deu o título «As palavras, como é hábito».
O escritor questiona-se sobre o poder do autor “num mundo onde as palavras foram substituídas por números que subtraem, omitem ou rasuram as pessoas”. “Apesar do cerco actual - diz - , aprendemos com outros cercos e sobrevivemos a outros perigos e ameaças”. “Escrever, criar, sonhar, não são apenas representações: são projectos e projecções ideológicos e renovadas relações entre História e memória. Não há que fugir a isto: ao compromisso exemplificado na declaração tremenda de que a batalha pela liberdade de criação implica a recusa da mentira e uma permanente resistência à opressão e à tirania”, defende ainda o escritor.
Na opinião de Baptista-Bastos, os autores têm de estar “cada vez mais atentos e cautelosos”, porque os querem fazer “crer na fragilidade da palavra, na fugacidade da arte, na desimportância do acto de pensar”. “Talvez o mundo de outrora fosse mais simplificado, sem deixar de ser menos complexo ou perigoso. Enfrentámo-lo na certeza de que as palavras continham, no seu bojo, a magnitude da esperança, e a crença de que poderiam modificar as coisas e os destinos”, sublinhou ainda, descrevendo os autores como “herdeiros de um legado de insubmissão e de altivez”. “Aqui estamos, para o que der e vier. Com as palavras, como é hábito”, conclui, na mensagem.
in Clube de Leituras
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“Escrever, criar, sonhar, são sempre lugares de encontro e de procura do outro. Interpelar é tomar partido da compreensão, para se refazer o caminho”, sublinhou o escritor, convidado pela Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) a elaborar a mensagem deste ano.
Criado em 1982 por iniciativa do maestro Nóbrega e Sousa, membro da direcção da entidade, o Dia do Autor Português é comemorado anualmente a 22 de Maio com diversas manifestações culturais promovidas pela SPA, cooperativa que gere os direitos dos autores portugueses de todas as disciplinas literárias e artísticas. “Responsáveis pelas nossas palavras, poderemos vir a ser culpados de as utilizar sem a autoridade moral e a nobreza por elas exigidas. Com o tempo e com a prática, aprendemos que as coisas insignificantes devem ser tratadas com a maior seriedade”, salienta Baptista-Bastos no texto, ao qual deu o título «As palavras, como é hábito».
O escritor questiona-se sobre o poder do autor “num mundo onde as palavras foram substituídas por números que subtraem, omitem ou rasuram as pessoas”. “Apesar do cerco actual - diz - , aprendemos com outros cercos e sobrevivemos a outros perigos e ameaças”. “Escrever, criar, sonhar, não são apenas representações: são projectos e projecções ideológicos e renovadas relações entre História e memória. Não há que fugir a isto: ao compromisso exemplificado na declaração tremenda de que a batalha pela liberdade de criação implica a recusa da mentira e uma permanente resistência à opressão e à tirania”, defende ainda o escritor.
Na opinião de Baptista-Bastos, os autores têm de estar “cada vez mais atentos e cautelosos”, porque os querem fazer “crer na fragilidade da palavra, na fugacidade da arte, na desimportância do acto de pensar”. “Talvez o mundo de outrora fosse mais simplificado, sem deixar de ser menos complexo ou perigoso. Enfrentámo-lo na certeza de que as palavras continham, no seu bojo, a magnitude da esperança, e a crença de que poderiam modificar as coisas e os destinos”, sublinhou ainda, descrevendo os autores como “herdeiros de um legado de insubmissão e de altivez”. “Aqui estamos, para o que der e vier. Com as palavras, como é hábito”, conclui, na mensagem.
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