A 21 de Setembro de 1910 a imprensa do Rio de Janeiro, publica uma extensa
entrevista a Magalhães Lima feita em Paris. Entre outras declarações, o conhecido
Republicano afirma que “…a Monarquia está
irremediavelmente perdida, a República Portuguesa será em breve um facto, mesmo
que os Republicanos a não proclamassem ela seria, apesar de tudo, proclamada
pela fatalidade das circunstâncias e pela lógica dos acontecimentos.”
3 De Outubro de 1910 – O Dr. Miguel Bombarda é
assassinado por um seu antigo doente, quando se encontrava no seu gabinete, no
Hospital de Rilhafoles. O agressor é o tenente do exército Aparício Rebelo.
Perdem assim os Republicanos um dos seus mais prestigiosos dirigentes.
Perdem assim os Republicanos um dos seus mais prestigiosos dirigentes.
Nesse
mesmo dia às 20 horas – o Almirante Cândido dos Reis, Afonso Costa, José
Relvas, João Chagas, António José de Almeida, Eusébio Leão entre outros Republicanos
reúnem-se em casa da mãe de Inocêncio Camacho, na Rua da Esperança 106,3º. Fica
combinado, de acordo com planos já estabelecidos que a revolução começaria à 1
hora da madrugada com uma salva de 31 tiros disparados de navios de guerra
surtos no Tejo.
4 De Outubro de 1910 – 1 Hora e 20 – soam tiros,
não eram 31, instala-se o pânico entre os revolucionários. O quartel de
marinheiros em Alcântara que estava previsto revoltar-se está cercado por
Infantaria1, Cavalaria4 e Caçadores2.
Estão na rua 3000 homens fiéis à Monarquia com as baterias a cavalo
O Comissário Naval, Machado Santos, com praças do Infantaria16 de Campo de Ourique, ataca o Quartel de Artilharia1
O Comissário Naval, Machado Santos, com praças do Infantaria16 de Campo de Ourique, ataca o Quartel de Artilharia1
O Capitão Sá Cardoso, com um pelotão de Infantaria16 parte para atacar o Palácio das Necessidades
Machado Santos, com outra força de Infantaria16 ataca a esquadra de polícia no Largo do Rato e arma civis
Às
5 horas, Machado Santos comanda as forças revoltosas, que descem a Avenida em
direcção ao Rossio, são bombardeados, retrocedem para a Rotunda e fecham as
entradas para as Avenidas Fontes e Duque de Loulé.
Pelas 9 horas, Machado Santos só dispõe de 8 peças de artilharia. Comanda 9
sargentos e 200 homens, mas civis armados acorrem à Rotunda para os auxiliar.
Às 12:30 horas, as forças leais à Monarquia comandadas pelo capitão Paiva
Couceiro, fustigam duramente a Rotunda com as baterias de Queluz.
Às 14 horas, os cruzadores S. Rafael e Adamastor bombardeiam o Palácio das
Necessidades. O Governo pede ao Rei que se retire para Mafra. O Rei obedece e
parte com o Conde de Sabugosa e o Marquês do Faial.
5 De Outubro de 1910 – 6 horas – Fogo dos revoltosos
contra as forças do Rossio. De Queluz, as baterias de Couceiro atacam e começam
a desembarcar os marinheiros dos navios de guerra estacionados no Tejo.
Às
11 Horas, José Relvas, acompanhado por outros revolucionários, proclama a
República de uma janela da Câmara Municipal de Lisboa.
No
Porto, Dr. Nunes da Ponte, lê na varanda central dos Paços do Concelho o texto
da proclamação e declara “perpetuamente
abolida a Dinastia de Bragança”.
Segundo o suplemento do Diário do Governo nº 222, fica assim constituído o 1º
Governo Provisório:
Presidente
– Dr. Joaquim Theophilo Braga
Ministro do Interior
– Dr. António José Almeida
Ministro da Justiça
– Dr. Affonso Costa
Ministro da Fazenda
– Basílio Teles
Ministro da Guerra
– António Xavier Correia Barreto
Ministro da Marinha
– Amaro Justiniano de Azevedo Gomes
Ministro do Estrangeiro
– Dr. Bernardino Luís Machado Guimarães
Ministro das Obras
Públicas – Dr. António Luís Gomes
A
Família Real parte para o exílio, embarca no Iate Amélia com destino a Gibraltar.
O
Governo Britânico disponibiliza o Iate Real Victoria
And Albert para conduzir o Rei, a Rainha D. Amélia e o Infante D. Afonso
para Inglaterra. A Rainha D. Maria Pia será conduzida, de Gibraltar para
Itália, a bordo de um navio Italiano.
O movimento revolucionário de 5
de Outubro de 1910 deu-se em natural sequência da acção doutrinária e política
que, desde a criação do Partido Republicano, em 1876, vinha sendo desenvolvida.
O rápido sucesso deste
movimento que instaurou a República deve-se, em grande parte, à colaboração da Carbonária, sociedade secreta que actuava
ligada à Maçonaria.
Machado Santos era membro
dirigente da Alta Venda, um dos mais
importantes centros da Carbonária,
parte dele o aliciamento de muitos revolucionários entre praças, sargentos,
marinheiros, operários, estudantes, populares em geral.
Aumentando contraposição entre
a República e a Monarquia, a propaganda republicana fora sabendo tirar partido
de alguns factos históricos de repercussão popular: as comemorações do terceiro
centenário da morte de Camões, em 1880, e o Ultimatum
inglês, em 1890, fora aproveitados pelos defensores das doutrinas republicanas
que se identificaram com os sentimentos nacionais e aspirações populares.
Após o 5 de Outubro foi
substituída a bandeira portuguesa. As cores verde e vermelho significam,
respectivamente, a esperança e o sangue dos heróis. A esfera armilar simboliza
os Descobrimentos, os sete castelos representam os primeiros castelos
conquistados por D. Afonso Henriques, as cinco quinas significam os cinco reis
mouros vencidos por este Rei e, finalmente, os cinco pontos em cada uma, as
cinco chagas de Cristo. O hino A Portuguesa,
composto por Alfredo Keil, com texto de Henrique de Mendonça, tornou-se o hino
nacional.
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