Pedro (século I a.C., Betsaida, Galileia —cerca de 67 d.C., Roma) foi um dos doze apóstolosde Jesus Cristo, como está escrito no Novo Testamento e, mais especificamente, nos quatro Evangelhos. São Pedro foi o primeiro Bispo de Roma, sendo por isso, considerado o primeiro Papa pela Igreja Católica.
Depois da sua morte, São Pedro, segundo a tradição católica, foi nomeado chaveiro do Céu. Assim, para entrar no paraíso, é necessário que o santo abra as suas portas. Também lhe é atribuída a responsabilidade de fazer chover. Quando começa a trovejar, e as crianças choram com medo, é costume acalmá-las, dizendo: "É a barriga de São Pedro que está a roncar" ou "o São Pedro está a mudar os móveis de lugar".
Tal como São João e Santo António, São Pedro é um santo popular e a data é celebrada no mês dos santos populares – Junho.
Em Portugal o Dia de São Pedro comemora-se a 29 de Junho e a tradição manda que a população festeje a data decorando as ruas com várias cores e manjericos. Bailes e marchas populares são organizadas nas ruas e a música está sempre presente.
Na gastronomia, a sardinha assada, o pimento, broa, caldo verde e vinho são os elementos principais da festa.
Algumas cidades celebram o feriado municipal no dia de São Pedro como por exemplo, Póvoa de Varzim, Sintra e Bombarral.
Também considerado o protector das viúvas e dos pescadores, o Dia de São Pedro é festejado no Brasil, no dia 29 de Junho, com a realização de grandes procissões marítimas em sua homenagem.
Em terra, os fogos e o pau-de-sebo são as principais atracções festivas.
No dia de São Pedro, todos os que receberam o seu nome devem acender fogueiras à porta das suas casas. Além disso, se alguém atar uma fita ao braço de alguém chamado Pedro, ele tem a obrigação de dar um presente ou pagar uma bebida àquele que o amarrou, em homenagem ao santo.
Biografia
Nome
e importância
Segundo a Bíblia, seu
nome original não era Pedro, mas Simão. Nos livros dos Actos dos Apóstolos e na Segunda Epístola
de Pedro, aparece ainda uma variante do seu nome original, Simeão. Cristo
mudou seu nome para כיפא,
Kepha, que em aramaico significa "pedra",
"rocha", nome este que foi traduzido para o grego como Πέτρος, Petros,
através da palavra πέτρα, petra, que também significa "pedra"
ou "rocha", e posteriormente passou para o latim como Petrus,
também através da palavra petra, de mesmo significado.
A mudança de seu nome por Jesus
Cristo, bem como seu significado, ganham importância de acordo com Igreja
Católica em Mt 16, 18, quando Jesus diz: "E eu te declaro: tu és
Kepha e sobre esta kepha edificarei a minha Igreja e as portas do
inferno não prevalecerão nunca contra ela." Jesus comparava Simão à
rocha. Pedro foi o fundador, junto com São Paulo,
da Igreja
de Roma (a Santa Sé), sendo-lhe concedido o título de Príncipe dos
Apóstolos e primeiro Papa (um tanto anacronicamente, visto que tal designação
só começaria a ser usada cerca de dois séculos mais tarde – Pedro foi o
primeiro Bispo de Roma); essa circunstância é importante, pois daí provém a
primazia do Papa sobre toda a Igreja Católica.
Dados
biográficos
Antes de se tornar um dos doze
discípulos de Cristo, Simão era pescador. Teria nascido em Betsaida e morava em
Cafarnaum.
Era filho de um homem chamado João.
Segundo o relato no Evangelho de São Lucas, Pedro teria conhecido
Jesus quando este lhe pediu que utilizasse uma das suas barcas, de forma a
poder pregar a uma multidão de gente que o queria ouvir. Pedro, que estava a
lavar redes com São Tiago e João, seus sócios,
concedeu-lhe o lugar na barca que foi afastada um pouco da margem.
No final da pregação, Jesus
disse a Simão que fosse pescar de novo com as redes em águas mais profundas.
Pedro disse-lhe que tentara em vão pescar durante toda a noite e nada
conseguira mas, em atenção ao seu pedido, fá-lo-ia. O resultado foi uma
pescaria de tal monta que as redes iam rebentando, sendo necessária a ajuda da
barca dos seus dois sócios, que também quase se afundava puxando os peixes.
Numa atitude de humildade e espanto Pedro prostrou-se perante Jesus e disse
para que se afastasse dele, já que é um pecador. Jesus encorajou-o, então, a
segui-lo, dizendo que o tornará "pescador de homens".
Nos Evangelhos Sinóticos o nome
de Pedro sempre encabeça a lista dos discípulos de Jesus, o que na
interpretação da Igreja Católica Romana deixa transparecer um lugar de primazia
sobre o Colégio Apostólico. Não se descarta que Pedro, assim como seu
irmão André,
antes de seguir Jesus, tenha sido discípulo de João
Batista.
Outro dado interessante era a
estreita amizade entre Pedro e João Evangelista, fato atestado em todos os
evangelhos, como por exemplo, na Última Ceia, quando pergunta ao Mestre,
através do Discípulo Amado, quem o haveria de trair ou quando ambos encontram o
sepulcro de Cristo vazio no Domingo de Páscoa. Fato é que tal amizade perdurou
até mesmo após a Ascensão de Jesus, como podemos constatar na cena da cura de
um paralítico posto nas portas do Templo de Jerusalém.
Segundo a tradição defendida
pela Igreja Católica Romana, o apóstolo Pedro, depois de ter exercido o
episcopado em Antioquia, teria se tornado o primeiro Bispo de Roma. Segundo
esta tradição, depois de solto da prisão em Jerusalém, o apóstolo teria viajado
até Roma e aí
permanecido até ser expulso com os judeus e cristãos
pelo imperador Cláudio,
época em que haveria voltado a Jerusalém para participar da reunião de
apóstolos sobre os rituais judeus no chamado Concílio de Jerusalém. A Bíblia atesta que
após esta reunião, Pedro ficou em Antioquia (como o seu companheiro de
ministério, Paulo, afirma em sua carta aos gálatas. A
tradição da Igreja Católica Romana afirma que depois de passar por várias
cidades, Pedro haveria sido martirizado em Roma entre 64 e 67 d.C.
Desde a Reforma,
teólogos
e historiadores protestantes afirmaram que Pedro não teria ido a Roma,
esta tese foi defendida mais proeminentemente por Ferdinand Christian Baur da
Escola Tübingen. Outros, como Heinrich Dressel, em 1872, declararam que Pedro
teria sido enterrado em Alexandria, no Egipto ou em Antioquia. Hoje, porém os historiadores concordam que Pedro
realmente viveu e morreu em
Roma. O historiador luterano Adolf
Harnack afirmou, que as teses anteriores foram tendenciosas e prejudicaram o
estudo sobre a vida de São Pedro em Roma. Sua vida continua sendo objecto de
investigação, mas o seu túmulo está localizado na Basílica de São Pedro no
Vaticano, o qual foi descoberto em 1950 após anos de meticulosa investigação.
O primado de Pedro segundo a
Igreja Católica
Toda a primeira parte do Evangelho
gira em torno da pergunta: quem é Jesus? Simão foi o primeiro dos discípulos a
responder essa pergunta: Jesus é o filho de Deus. É esse acontecimento que leva
Jesus a chamá-lo de Pedro.
Encontramos o relato do evento
no Evangelho de São Mateus, 16:13-19: Jesus
pergunta aos seus discípulos (depois de se informar do que sobre ele corria
entre o povo): "E vós, quem pensais que sou eu?".
Simão Pedro, respondendo,
disse: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Jesus respondeu-lhe:
“Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi carne ou sangue
que te revelaram isso, e sim Meu Pai que está nos céus. Também Eu te digo que
tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei Minha Igreja, e as portas de Hades
nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares
na terra será ligado nos céus. E o que desligares na terra será desligado nos
céus” (Mt 16, 16:19).
O Evangelho de João, bem como o de Lucas, também falam a respeito do primado de
Pedro dever ser exercido particularmente na ordem da Fé, e que Cristo o torna
chefe: Jesus disse a Simão (Pedro): "Simão, filho de João, tu Me amas mais
do que estes? "Ele lhe respondeu: "Sim, Senhor, tu sabes que te amo".
Jesus lhe disse: "Apascenta Meus cordeiros". Segunda vez disse-lhe:
"Simão filho de João, tu Me amas? - "Sim, Senhor”, disse ele, “tu
sabes que te amo". Disse-lhe Jesus: "Apascenta Minhas ovelhas".
Pela terceira vez lhe disse: "Simão filho de João, tu Me amas? Entristeceu-se
Pedro porque pela terceira vez lhe perguntara “Tu Me amas?” e lhe disse:
"Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo". Jesus lhe disse:
"Apascenta Minhas ovelhas.
Simão, Simão, eis que Satanás
pediu insistentemente para vos peneirar como trigo; Eu, porém, orei por ti, a
fim de que tua fé não desfaleça. Quando, porém, te converteres, confirma teus
irmãos.
Mais do que em Mt 16, 17:19
esse texto é mais claro no que se refere ao primado que Cristo confere a Pedro
no próprio seio dos apóstolos; um papel de direcção na Fé.
O
apóstolo Pedro, o primeiro Bispo de Roma
A comunidade de Roma foi
fundada e evangelizada pelos apóstolos Pedro e Paulo e é considerada a única
comunidade cristã do mundo fundada por mais de um apóstolo e a única do
Ocidente instituída por um deles. Por esta razão desde a antiguidade a
comunidade de Roma (chamada actualmente de Santa Sé
pelos católicos) teve o primado sobre todas as outras comunidades locais (dioceses);
nessa visão o ministério de Pedro continua sendo exercido até hoje pelo Bispo
de Roma, assim como o ministério dos outros apóstolos é cumprido pelos
outros Bispos unidos a ele, que é a cabeça do colégio apostólico, do colégio
episcopal. A sucessão de Pedro começou com São Lino
(67) e, actualmente é exercida pelo papa
Bento XVI.
Segundo essa visão, o próprio
apóstolo Pedro atestou que exerceu o seu ministério em Roma ao concluir a sua
primeira epístola: "A [Igreja] que está em Babilónia, eleita como vós,
vos saúda, como também Marcos, meu filho.” Trata-se da Igreja
de Roma. Assim também o interpretaram todos os autores desde a Antiguidade,
como abaixo, como sendo a Roma Imperial (decadente). O termo não pode
referir-se à Babilónia sobre o Eufrates, que
jazia em ruínas ou à Nova Babilónia (Selêucia)
sobre o rio
Tigre, ou à Babilónia Egípcia cerca de Mênfis,
tampouco a Jerusalém; deve, portanto referir-se a Roma, a única cidade que é
chamada Babilónia pela antiga literatura Cristã.
Os historiadores actualmente
acreditam que a tradição católica está correcta, igualmente muitas tradições
antigas corroboram com a versão de que Pedro esteve em Roma e que ali teria
sido martirizado:
·
Assim
nos refere o bispo Dionísio de Corinto, em extracto de uma de suas cartas aos
romanos (170):
"Tendo
vindo ambos a Corinto,
os dois apóstolos Pedro e Paulo nos formaram na doutrina evangélica. A seguir,
indo para a Itália, eles vos transmitiram os mesmos ensinamentos e, por fim,
sofreram o martírio simultaneamente."
·
Gaio,
presbítero romano, em 199:
"Nós
aqui em Roma temos algo melhor do que o túmulo de Filipe. Possuímos os troféus
dos apóstolos fundadores desta Igreja local. Vai à Via Óstia e lá encontrareis
o troféu de Paulo; vai ao Vaticano e lá vereis o troféu de Pedro."
Gaio dirigiu-se nos seguintes
termos a um grupo de hereges: "Posso mostrar-vos os troféus (túmulos)
dos Apóstolos. Caso queirais ir ao Vaticano ou à Via Ostiense, lá encontrareis
os troféus daqueles que fundaram esta Igreja."
·
Orígenes
(185-253) responsável pela Escola catequética em Alexandria
afirmou:
"Pedro,
ao ser martirizado em Roma, pediu e obteve fosse crucificado de cabeça para
baixo"
"Pedro,
finalmente tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo."
"Para
a maior e mais antiga a mais famosa Igreja, fundada pelos dois mais gloriosos
Apóstolos, Pedro e Paulo." e ainda "Os bem-aventurados
Apóstolos portanto, fundando e instituindo a Igreja, entregaram a Lino o cargo de
administrá-la como bispo; a este sucedeu Anacleto;
depois dele, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, Clemente recebeu o
episcopado."
"Mateus, achando-se
entre os hebreus,
escreveu o Evangelho na língua deles, enquanto Pedro e Paulo evangelizavam em
Roma e aí fundavam a Igreja."
·
Formado
como jurista Tertuliano (155-222 d.C.) falou da morte de Pedro em Roma:
"A
Igreja também dos romanos publica - isto é, demonstra por instrumentos públicos
e provas - que Clemente foi ordenado por Pedro."
"Feliz
Igreja, na qual os Apóstolos verteram seu sangue por sua doutrina
integral!" - e falando da Igreja Romana, "onde a paixão de Pedro se
fez como a paixão do Senhor."
"Nero
foi o primeiro a banhar no sangue o berço da fé. Pedro então, segundo a
promessa de Cristo, foi por outrem cingido quando o suspenderam na Cruz."
·
Eusébio (263-340 d.C.) Bispo de Cesáreia,
escreveu muitas obras de teologia, exegese, apologética,
mas a sua obra mais importante foi a História Eclesiástica, onde ele
narra a história da Igreja das origens até 303. Refere-se ao ministério
exercido por Pedro:
"Pedro,
de nacionalidade galileia, o primeiro pontífice
dos cristãos, tendo inicialmente fundado
a Igreja de Antioquia, se dirige a Roma, onde, pregando o Evangelho, continua
vinte e cinco anos Bispo da mesma cidade."
·
Epifânio
(315-403 d.C.), Bispo de Constância (também foi Bispo de Salamina e Metropolita
do Chipre) fala
da sucessão dos Bispos de Roma:
·
Doroteu:
"Lino
foi Bispo de Roma após o seu primeiro guia, Pedro."
"Você
não pode negar que sabe que na cidade de Roma a cadeira episcopal foi primeiro
investida por Pedro, na qual Pedro, cabeça dos Apóstolos, a ocupou."
·
Cipriano (martirizado em
258), Bispo de Cartago
(norte da África),
escreveu a obra "A Unidade da Igreja" (De Ecclesiae Unitate),
onde diz:
"A
cátedra de Roma é a cátedra de Pedro, a Igreja principal, de onde se origina a
unidade sacerdotal."
·
Santo
Agostinho (354-430):
"A
Pedro sucedeu Lino."
Os
textos escritos pelo apóstolo
O Novo
Testamento inclui duas epístolas cuja autoria é atribuída a Pedro: A "Primeira epístola
de São Pedro e a Segunda epístola de São Pedro.
Indícios
arqueológicos
A partir da década de 1950
intensificaram-se as escavações no subsolo da Basílica de São Pedro, lugar tradicionalmente
reconhecido como provável túmulo do apóstolo e próximo de seu martírio no muro
central do Circo de Nero. Após extenuantes e cuidadosos
trabalhos, inclusive com remoção de toneladas de terra que datava do corte da
Colina Vaticana para a terraplanagem da construção da primeira basílica na
época de Constantino, a equipe chefiada pela arqueóloga italiana Margherita Guarducci encontrou o que seria uma
necrópole atribuída a São
Pedro, inclusive uma parede repleta de grafitos com a expressão
Petrós Ení, que, em grego, significa "Pedro está aqui".
Também foram encontrados, em um
nicho, fragmentos de ossos de um homem robusto e idoso, entre 60-70 anos,
envoltos em restos de tecido púrpura com fios de ouro que se acredita, com
muita probabilidade, serem de São Pedro. A data real do martírio, de acordo com
um cruzamento de datas feito pela arqueóloga, seria 13 de Outubro de 64 d.C. e
não 29 de Junho, data em que se comemorava o traslado dos restos mortais de São
Pedro e São
Paulo para a estada dos mesmos nas Catacumbas de São Sebastião durante a
perseguição do imperador romano Valeriano em 257.
Fonte e mais informação
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