"E Depois do Adeus" foi a canção que
serviu de primeira senha à revolução de 25 de Abril de 1974. Com letra de José
Niza e música de José Calvário, a canção foi escrita para ser interpretada por
Paulo de Carvalho na 12.ª edição do Festival RTP da Canção, do qual sairia
vencedora. Nessa qualidade, representaria Portugal em Brighton, a 6 de Abril,
no Festival Eurovisão da Canção 1974, terminando em último lugar, com apenas 3
pontos, ex aequo com as canções da Alemanha, Suíça e Noruega.
A questão das duas senhas do 25 de abril
Com a transmissão de "E Depois do Adeus",
pelos Emissores Associados de Lisboa às 22h55m do dia 24 de Abril de 1974, era
dada a ordem para as tropas se prepararem e estarem a postos. O efectivo sinal
de saída dos quartéis, posterior a este, seria a emissão, pela Rádio
Renascença, de "Grândola, Vila Morena" de Zeca Afonso.
A razão da escolha de "E Depois do Adeus"
é clara: não tendo conteúdo político e sendo uma música em voga na altura, não
levantaria suspeitas, podendo a revolução ser cancelada se os líderes do MFA
concluíssem que não havia condições efectivas para a sua realização. A
posterior radiodifusão, na emissora católica, de uma música claramente política
de um autor proscrito daria a certeza aos revoltosos de que já não havia volta
atrás, que a revolução era mesmo para arrancar.
O tema
Embora o título, em retrospectiva, pareça remeter
para o adeus ao regime do Estado Novo, a canção em si é uma balada sem conteúdo
político (ao contrário da vencedora do ano anterior). Nela, Paulo de Carvalho
põe-se no papel de um homem que se vê perante o fim de um relacionamento
amoroso. Ele diz à pessoa amada e compara-a a "uma flor que desfolhei",
implicando que a relação foi de curta duração. Ele também se refere ao amor,
cantando que "é ganhar ou perder".
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