sexta-feira, 31 de maio de 2013

Rosa Sparks


 
O dia de Rosa Parks estava a correr bem.

A mãe estava a recuperar da gripe e viera tomar o pequeno-almoço à mesa. O marido, Raymond Parks, um dos melhores barbeiros do condado, tinha sido convidado a fazer algumas horas extra na base militar local. E o primeiro dia de dezembro era sempre especial, porque o Natal estava próximo.

Em breve, na secção dos arranjos de costura, todas iriam estar muito ocupadas. As senhoras de Montgomery, jovens ou idosas, precisariam de pequenos ajustes nos seus vestidos de cerimónia ou nos seus fatos e blusas domingueiros, quer fosse uma flor a bordar ou um debrum de veludo a acrescentar.

E Rosa Parks era a melhor costureira de todas. A agulha e o fio voavam nas suas mãos, qual fada a tecer fios de oiro. As outras costureiras diziam que ela tinha dotes mágicos. Rosa ria:

— Não são dotes mágicos, apenas concentração.

♣♣♣

Havia dias em que Rosa nem sequer almoçava para acabar tudo a tempo. Mas, nesta quinta-feira, o trabalho estava adiantado e a supervisora disse-lhe:

— Por que não vais mais cedo para casa, Rosa? Sei que a tua mãe está doente e que podes precisar de estar com ela.

A supervisora sabia que ela só saía quando o trabalho estivesse feito mas, como estavam apenas no início de dezembro, tinham tempo. Rosa ficou satisfeita. Chegaria mais cedo a casa e, como o marido trabalhava até mais tarde, talvez o surpreendesse com um empadão. Despediu-se das colegas e encaminhou-se para a paragem de autocarro. Procurou uma moeda no bolso para não ter de pedir troco. Entrou no autocarro, pagou a viagem e saiu de novo, dirigindo-se à porta de trás: os negros não podiam entrar pela porta da frente. Rosa reparou que os lugares reservados a negros estavam todos preenchidos, mas que havia lugares vagos na secção neutra do autocarro, onde negros e brancos se podiam sentar.

O lado esquerdo tinha dois lugares vagos e o direito estava já ocupado por um homem. Rosa sentou-se junto dele. Não se lembrava do seu nome, mas conhecia-o e ao filho dele, Jimmy. Este era visita frequente da Associação de Jovens Afro-Americanos. Trocaram algumas palavras e o autocarro começou a andar.

Rosa procurou não incomodar o pai de Jimmy com as suas sacas. O autocarro ia já cheio e os dois lugares da esquerda estavam agora ocupados por negros. Pensava no jantar desse dia quando ouviu o motorista gritar:

— Já disse que preciso desses lugares!

Surpreendida, Rosa Parks levantou os olhos. Os dois negros já se tinham levantado e dirigido para a parte traseira do autocarro. O pai de Jimmy murmurou:

— Não quero ter problemas. Vou lá para trás.

Rosa levantou-se para o deixar passar mas sentou-se de novo.

— Não dificulte as coisas! — gritou o motorista.

— Por que se mete sempre connosco? — perguntou ela, num tom de voz calmo e determinado.

— Vou chamar a polícia! — ameaçou o homem.

— Faça o que tiver a fazer — continuou Rosa.

Não se sentia amedrontada. Não tencionava abdicar do que sabia estar certo.

Alguns brancos diziam em voz alta que ela devia ser presa e posta fora do autocarro. Alguns negros, temendo algo violento, saíram do autocarro. Outros ficaram, murmurando:

— Aquela é a secção neutra do autocarro. Tem todo o direito de ali estar.

♣♣♣

E ali continuou Rosa Parks.

Enquanto esperava pela polícia, Rosa pensava em todos os homens, mulheres e jovens corajosos que lutavam pelos direitos cívicos. Recordava uma decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, de 1954, que decretara que “separado” queria dizer “inerentemente desigual”. E sentia-se cansada. Não cansada do trabalho, mas cansada de ter de pôr sempre os brancos em primeiro lugar.

Cansada de descer dos passeios para deixar passar os brancos, cansada de comer em balcões separados, cansada de estudar em escolas separadas. Estava cansada de entradas para “gente de cor”, varandas para “gente de cor”, fontanários para “gente de cor”, e táxis para “gente de cor”. Estava cansada de chegar sempre primeiro e de ser sempre servida em último lugar. Cansada de “estar separada” e de “não ser igual”.

Pensou na mãe e na avó e sabia que elas queriam que ela fosse forte. Não tinha procurado aquele momento, mas estava preparada para o enfrentar.

Quando o polícia se debruçou sobre ela e perguntou:

— Então, tiazinha, vai sair ou não?

Rosa sentiu-se encorajada pela força das pessoas de cor ao longo de todos aqueles anos e disse:

— Não.

♣♣♣

Jo Ann Robinson estava numa loja quando soube que Rosa Parks tinha sido presa. Estava a comprar macarrão e queijo para acompanhar o peixe que ia servir ao jantar. Uma colega do Conselho Político das Mulheres aproximou-se dela e relatou-lhe o ocorrido. A reação foi:

— Não pode ser! Diz a toda a gente que temos reunião hoje à noite, às dez, no meu escritório.

A Sra. Robinson era professora no Alabama State, a universidade frequentada exclusivamente por negros, e tinha sido recentemente eleita Presidente do Conselho Político das Mulheres. Apressou-se a ir para casa fazer o jantar, arrumar a cozinha e deitar os filhos. Depois, despediu-se do marido e foi para a faculdade.

♣♣♣

As vinte e cinco mulheres ali reunidas rezaram para que a sua fosse a atitude certa. Iam usar a impressora e o papel timbrado do Estado do Alabama sem autorização. Se fossem apanhadas, podiam ser presas. Mas era sua convicção de que estavam a agir para sabotar uma lei injusta. A atitude corajosa de Rosa Parks guiá-las-ia.

Formaram grupos e distribuíram tarefas. Concentraram-se no estêncil, a parte mais difícil. Um só erro implicaria uma página inteira deitada fora. Os panfletos diziam: NINGUÉM ANDA DE AUTOCARRO HOJE. APOIEM MRS. PARKS. ANDEM A PÉ. Tinham sido feitos panfletos em quantidade suficiente para todos os negros de Montgomery. A maioria achava que a decisão do Supremo Tribunal de que a segregação não era sinónima de igualdade os ajudaria, mas estavam enganados.

Pouco depois dessa decisão judicial, Emmett Till, um rapaz de catorze anos do Mississipi, tinha sido linchado e o seu funeral acompanhado por mais de cem mil pessoas. Agora, semanas após a libertação dos seus assassinos, Rosa Parks tinha tomado uma atitude corajosa e todos estavam decididos a apoiá-la. Todos se reuniram em torno do Reverendo Martin Luther King, Jr., que tinha concordado em liderar o protesto.

— Não viajaremos de autocarro — disse este, no comício. — Andaremos a pé até que a justiça jorre como a água e a igualdade flua como um rio poderoso.

E todos andaram a pé. À chuva, ao sol, de manhã cedo, quando já era noite cerrada, no Natal, na Páscoa, no 4 de Julho, no Dia do Trabalhador, no Dia de Ação de Graças e outra vez no Natal.

De todos os Estados Unidos vieram sapatos, casacos e dinheiro, para que os cidadãos de Montgomery pudessem andar. Todos estavam orgulhosos deste movimento não-violento. A força anímica que os sustinha iria animar ainda muitos protestos nos anos a vir.

A 13 de Novembro de 1956, quase um ano depois da prisão de Rosa Parks, o Supremo Tribunal dos Estados Unidos decretou que a segregação era ilegal. Fosse nos autocarros ou nas escolas.

♣♣♣

Rosa Parks tinha dito “Não” para que o Supremo Tribunal pudesse lembrar ao país que a Constituição não contemplava cidadanias de segunda classe. Somos todos iguais perante a lei e todos temos direito à sua proteção.

A integridade, a dignidade e a força tranquila de Rosa Parks transformaram o seu “Não” num “Sim” à mudança.
 
Nikki Giovanni; Bryan Collier
Rosa
New York, Square Fish, 2008
(Tradução e adaptação)

Buscando... en Español

 
Peddy paper com a participação dos alunos do 7º ano, da disciplina de Español, organizado pelas professoras Vanda Santos e Isabel Agostinho.

domingo, 5 de maio de 2013

Dia da Mãe


As mais antigas celebrações do Dia da Mãe remontam às comemorações primaveris da Grécia Antiga, em honra de Rhea, mulher de Cronos e Mãe dos Deuses. Em Roma, as festas comemorativas do Dia da Mãe eram dedicadas a Cybele, a Mãe dos Deuses romanos, e as cerimónias em sua homenagem começaram por volta de 250 anos antes do nascimento de Cristo.
Durante o século XVII, a Inglaterra celebrava no 4º Domingo de Quaresma (40 dias antes da Páscoa) um dia chamado “Domingo da Mãe”, que pretendia homenagear todas as mães inglesas. Neste período, a maior parte da classe baixa inglesa trabalhava longe de casa e vivia com os patrões. No Domingo da Mãe, os servos tinham um dia de folga e eram encorajados a regressar a casa e passar esse dia com a sua mãe.

À medida que o Cristianismo se espalhou pela Europa passou a homenagear-se a “Igreja Mãe” – a força espiritual que lhes dava vida e os protegia do mal. Ao longo dos tempos a festa da Igreja foi-se confundindo com a celebração do Domingo da Mãe. As pessoas começaram a homenagear tanto as suas mães como a Igreja.

Nos Estados Unidos, a comemoração de um dia dedicado às mães foi sugerida pela primeira vez em 1872 por Julia Ward Howe e algumas apoiantes, que se uniram contra a crueldade da guerra e lutavam, principalmente, por um dia dedicado à paz.

A maioria das fontes é unânime acerca da ideia da criação de um Dia da Mãe. A ideia partiu de Anna Jarvis, que em 1904, quando a sua mãe morreu, chamou a atenção na igreja de Grafton para um dia especialmente dedicado a todas as mães. Três anos depois, a 10 de Maio de 1907, foi celebrado o primeiro Dia da Mãe, na igreja de Grafton, reunindo praticamente família e amigos. Nessa ocasião, a sra. Jarvis enviou para a igreja 500 cravos brancos, que deviam ser usados por todos, e que simbolizavam as virtudes da maternidade. Ao longo dos anos enviou mais de 10.000 cravos para a igreja de Grafton – encarnados para as mães ainda vivas e brancos para as já desaparecidas – e que são hoje considerados mundialmente com símbolos de pureza, força e resistência das mães.

Segundo Anna Jarvis seria objectivo deste dia tomarmos novas medidas para um pensamento mais activo sobre as nossas mães. Através de palavras, presentes, actos de afecto e de todas as maneiras possíveis deveríamos proporcionar-lhe prazer e trazer felicidade ao seu coração todos os dias, mantendo sempre na lembrança o Dia da Mãe.

Face à aceitação geral, a sra. Jarvis e os seus apoiantes começaram a escrever a pessoas influentes, como ministros, homens de negócios e políticos com o intuito de estabelecer um Dia da Mãe a nível nacional, o que daria às mães o justo estatuto de suporte da família e da nação.
 
A campanha foi de tal forma bem sucedida que em 1911 era celebrado em praticamente todos os estados. Em 1914, o Presidente Woodrow Wilson declarou oficialmente e a nível nacional o 2º Domingo de Maio como o Dia da Mãe.

Hoje em dia, muitos de nós celebram o Dia da Mãe com pouco conhecimento de como tudo começou. No entanto, podemos identificar-nos com o respeito, o amor e a honra demonstrados por Anna Jarvis há 96 anos atrás.
Apesar de ter passado quase um século, o amor que foi oficialmente reconhecido em 1907 é o mesmo amor que é celebrado hoje e, à nossa maneira, podemos fazer deste um dia muito especial.
 
E é o que fazem praticamente todos os países, apesar de cada um escolher diferentes datas ao longo do ano para homenagear aquela que nos põe no mundo.
Em Portugal, até há alguns anos atrás, o dia da mãe era comemorado a 8 de Dezembro, mas actualmente o Dia da Mãe é no 1º Domingo de Maio, em homenagem a Maria, Mãe de Cristo.
No Brasil, o Dia das Mães é celebrado no segundo domingo de Maio, conforme decreto assinado em 1932 pelo presidente Getúlio Vargas.
Em Israel o dia da mãe deixou de ser celebrado, passando a existir o dia da família em Fevereiro.

Dia da Mãe nos próximos anos
Dia da Mãe 2014
Domingo, 04 de Maio de 2014
Dia da Mãe 2015
Domingo, 03 de Maio de 2015

Mais informação e actividades

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Abrir asas e voar


Tal como com outras raparigas, a minha autoconfiança à medida que ia crescendo praticamente não existia. Duvidava das minhas capacidades, tinha pouca fé no meu potencial e questionava o meu valor pessoal. Se tinha boas notas, acreditava que era apenas por sorte. Embora fizesse amigos com facilidade, preocupava-me que, uma vez que as pessoas me conhecessem, as amizades não perdurassem. E se as coisas corriam bem, pensava apenas que estava no sítio certo no momento certo. Rejeitava mesmo elogios e cumprimentos.
As escolhas que fiz refletiam a imagem que tinha de mim própria. Ainda adolescente, senti-me atraída por um homem com a mesma baixa estima. Apesar do seu temperamento violento e de um relacionamento extremamente complicado durante o namoro, decidi casar com ele. Ainda me lembro do meu pai a sussurrar-me ao ouvido antes de me acompanhar ao altar “Ainda não é tarde demais, Sue. Podes mudar de ideias. ” A minha família sabia o erro terrível que eu estava a cometer. Umas semanas depois, também eu.
A violência física durou vários meses. Sobrevivi a ferimentos graves, estava coberta de pisaduras a maior parte de tempo e tive que ser hospitalizada em inúmeras ocasiões. A minha vida tornou-se uma mancha obscura de sirenes da polícia, relatórios médicos e presenças da família nos tribunais. No entanto, eu voltava sempre para aquela relação, na esperança de que as coisas pudessem melhorar.
Depois de as nossas duas meninas terem nascido, houve alturas em que tudo o que me ajudava a superar mais aquela noite era ter aqueles bracinhos rechonchudos à volta do meu pescoço, as bochechas gorduchas esmagadas contra as minhas e aquelas deliciosas vozinhas infantis a dizer “Está tudo bem, Mamã. Tudo vai ficar bem.” Mas eu sabia que não ia ficar bem. Tinha mudanças a fazer – se não por mim, pelo menos para proteger as minhas filhas.
Então algo aconteceu que me deu coragem para mudar. Consegui, no âmbito do meu trabalho, participar numa série de seminários sobre desenvolvimento profissional. Num deles, uma oradora falou sobre “tornar os sonhos realidade”. O que era muito difícil para mim – até mesmo sonhar com um futuro melhor! Mas algo naquela mensagem me tocou.
Ela pediu-nos que tivéssemos em conta duas questões importantes: “Se pudessem ser, fazer, ou possuir algo, fosse ele o que fosse, sabendo à partida que seria impossível falhar, o que escolheriam? E se pudessem construir a vossa vida ideal, o que teriam a coragem de sonhar?” Naquele momento, a minha vida começou a mudar. Comecei a sonhar.
Imaginei-me a ter coragem de mudar com as crianças para um apartamento só nosso. Começar de novo! Visualizei uma vida melhor para as minhas filhas e para mim. Sonhei em ser uma oradora motivacional para poder inspirar as pessoas do mesmo modo que a orientadora do seminário me tinha inspirado. Vi-me a escrever a minha própria história para dar coragem a outros. Assim sendo, continuei a construir a imagem visual do meu novo sucesso. Visualizei-me a usar um fato muito profissional de cor vermelha, uma pasta de couro na mão e a apanhar um avião. E nisto já extrapolava bastante, uma vez que nessa altura não tinha sequer dinheiro para o fato…
No entanto, eu sabia que era importante preencher o meu sonho com detalhes alusivos aos meus cinco sentidos. Por isso, fui a uma loja de artigos em couro e pus-me ao espelho com uma pasta na mão. Como é que aquilo ficaria, como é que eu me sentiria? Qual seria o cheiro do couro? Experimentei alguns fatos vermelhos e até encontrei a imagem de uma mulher com um, transportando uma pasta e entrando num avião. Pendurei a imagem num sítio onde a pudesse ver todos os dias. Ajudava-me a manter o sonho vivo.
E rapidamente as mudanças chegaram.
Mudei-me com as crianças para um pequeno apartamento. Com apenas 77€ por semana, comíamos muita manteiga de amendoim e deslocávamo-nos num velho carro. Mas, pela primeira vez na vida, sentíamo-nos livres e em segurança. Eu empenhava-me ao máximo na minha carreira de vendedora, sempre concentrada no meu “sonho impossível.”
Então, um dia, atendi o telefone, e a voz do outro lado pediu-me que falasse na conferência anual da companhia a realizar em breve. Aceitei e o meu discurso foi um sucesso. Isto levou-me a uma série de promoções, e acabei coordenadora de vendas a nível nacional. Atualmente, promovo a minha própria equipa de oradores motivacionais e viajo por imensos países à volta do mundo. O meu “sonho impossível” tornou-se realidade!
Acredito que todo o sucesso começa quando abres as tuas ASAS – quando acreditas no teu valor, confias no teu íntimo, cuidas de ti, tens um objetivo e delineias uma estratégia pessoal. E, nesse momento, os sonhos impossíveis tornam-se realidade.
Sue Augustine
A Equipa Coordenadora do Clube das Histórias

quarta-feira, 1 de maio de 2013

1º de maio, dia do trabalhador

 
O Dia do Trabalhador é celebrado anualmente no dia 1 de maio em numerosos países do mundo, sendo feriado no Brasil, Portugal, assim como em muitos outros países. No Brasil também chamado Dia do Trabalho, para que ironize-se que no Dia do Trabalho não se trabalha. O correto é Dia do Trabalhador.
 
História
Em 1886 realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas de Chicago nos Estados Unidos da América. Essa manifestação tinha como finalidade reivindicar a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias e teve a participação de milhares de pessoas. Nesse dia teve início uma greve geral nos EUA. No dia 3 de maio houve um pequeno levantamento que acabou com uma escaramuça com a polícia e com a morte de alguns manifestantes. No dia seguinte, 4 de maio, uma nova manifestação foi organizada como protesto pelos acontecimentos dos dias anteriores, tendo terminado com o lançamento de uma bomba por desconhecidos para o meio dos polícias que começavam a dispersar os manifestantes, matando sete agentes. A polícia abriu então fogo sobre a multidão, matando doze pessoas e ferindo dezenas. Estes acontecimentos passaram a ser conhecidos como a Revolta de Haymarket.
 
Três anos mais tarde, a 20 de junho de 1889, a segunda Internacional Socialista reunida em Paris decidiu por proposta de Raymond Lavigne convocar anualmente uma manifestação com o objectivo de lutar pelas 8 horas de trabalho diário. A data escolhida foi o 1º de maio, como homenagem às lutas sindicais de Chicago. Em 1 de maio de 1891 uma manifestação no norte de França é dispersada pela polícia resultando na morte de dez manifestantes. Esse novo drama serve para reforçar o dia como um dia de luta dos trabalhadores e meses depois a Internacional Socialista de Bruxelas proclama esse dia como dia internacional de reivindicação de condições laborais.
 
A 23 de abril de 1919 o senado francês ratifica o dia de 8 horas e proclama o dia 1 de maio desse ano dia feriado. Em 1920 a Rússia adopta o 1º de maio como feriado nacional, e este exemplo é seguido por muitos outros países. Apesar de até hoje os estadunidenses se negarem a reconhecer essa data como sendo o Dia do Trabalhador, em 1890 a luta dos trabalhadores estadunidenses conseguiram que o Congresso aprovasse que a jornada de trabalho fosse reduzida de 16 para 8 horas diárias.
 
Dia do Trabalhador em Portugal
Em Portugal, só a partir de maio de 1974 (o ano da revolução do 25 de abril) é que se voltou a comemorar livremente o Primeiro de Maio e este passou a ser feriado. Durante a ditadura do Estado Novo, a comemoração deste dia era reprimida pelas polícias. O Dia Mundial dos Trabalhadores é comemorado por todo o país, sobretudo com manifestações, comícios e festas de carácter reivindicativo, promovidas pela central sindical CGTP-Intersindical (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical) nas principais cidades de Lisboa e Porto, assim como pela central sindical UGT (União Geral dos Trabalhadores). No Algarve, é costume a população fazer pic-nics e são organizadas algumas festas na região.
 
Dia do Trabalhador no Brasil
Até o início da “era Vargas” (1930-1945) certos tipos de agremiação dos trabalhadores fabris eram bastante comuns, embora não constituíssem um grupo político muito forte, dada a pouca industrialização do país. Esta movimentação operária tinha se caracterizado em um primeiro momento por possuir influências do anarquismo e mais tarde do comunismo, mas com a chegada de Getúlio Vargas ao poder, ela foi gradativamente dissolvida e os trabalhadores urbanos passaram a ser influenciados pelo que ficou conhecido como trabalhismo.
 
Até então, o Dia do Trabalhador era considerado por aqueles movimentos anteriores (anarquistas e comunistas) como um momento de protesto e crítica às estruturas socio-económicas do país. A propaganda trabalhista de Vargas, subtilmente, transforma um dia destinado a celebrar o trabalhador no Dia do Trabalhador. Tal mudança, aparentemente superficial, alterou profundamente as actividades realizadas pelos trabalhadores a cada ano, neste dia. Até então marcado por piquetes e passeatas, o Dia do Trabalhador passou a ser comemorado com festas populares, desfiles e celebrações similares. Atualmente, esta característica foi assimilada até mesmo pelo movimento sindical: tradicionalmente a Força Sindical (uma organização que congrega sindicatos de diversas áreas, ligada a partidos como o PTB) realiza grandes shows com nomes da música popular e sorteios de casas próprias e similares.
 
Aponta-se que o caráter massificador do Dia do Trabalhador, no Brasil, se expressa especialmente pelo costume que os governos têm de anunciar neste dia o aumento anual do salário mínimo.
 
Dia do Trabalhador em Moçambique
Durante o período colonial (até 1975), os moçambicanos estavam isentos de celebrar o 1º de maio em virtude do regime colonial português. No entanto, houve manifestações de trabalhadores moçambicanos, em particular em Lourenço Marques (atual Maputo), contra o modo de relações laborais existente naquele período.
 
Após a Independência Nacional, o Dia do Trabalhador é celebrado anualmente em Moçambique, e com o passar dos anos, com as reformas políticas, económicas e sociais que o País sofreu a partir de finais da década de 80, registou-se um crescimento do Movimento sindical em Moçambique. A Primeira instituição sindical no País foi a Organização dos Trabalhadores Moçambicanos (OTM), que veio depois a impulsionar o surgimento de novos movimentos sindicais, cada vez mais específicos de acordo com os sectores de actividade.
 
O Dia do Trabalhador no mundo
Alguns países celebram o Dia do Trabalhador em datas diferentes de 1 de maio:
Austrália: A data de celebração varia de acordo com a região: 4 de março na Austrália Ocidental, 11 de março no estado de Vitória, 6 de maio em Queensland e Território do Norte e 7 de outubro em Canberra, Nova Gales do Sul (Sydney) e na Austrália Meridional.
 
Estados Unidos da América: Celebram o Labor Day na primeira segunda-feira de setembro.